O aroma, o sabor e o formato dos cigarros eletrônicos podem até ser diferentes dos convencionais, mas os riscos à saúde são os mesmos. Ainda que esteja disfarçado de algo recreativo, o cigarro eletrônico também é derivado do tabaco e, por isso, causa a inalação de monóxido de carbono, alcatrão e tantas outras substâncias prejudiciais ao organismo. Além disso, pode conter nicotina, uma droga que causa vício e morte, dependendo do fabricante.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) faz, desde dezembro, uma consulta pública sobre os cigarros eletrônicos no Brasil. A pesquisa termina nesta sexta-feira (9) e deve ser feita pelo formulário eletrônico específico, disponível no portal da agência. Basta preencher os campos de identificação da pessoa interessada e enviar as contribuições.
A consulta é sobre a manutenção da proibição dos dispositivos eletrônicos para fumar no país e uma proposta de norma que prevê ainda a proibição da fabricação, importação, comercialização, distribuição, armazenamento, transporte, publicidade e divulgação destes produtos ao público, sendo ele consumidor ou não.
Os principais riscos do consumo do cigarro eletrônico são o surgimento de câncer, doenças respiratórias e cardiovasculares, como infarto, morte súbita e hipertensão arterial. Há, ainda, a possibilidade de contrair a doença pulmonar chamada Evali, sigla em inglês para lesão pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping. Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), os principais sintomas são tosse, dor torácica e dispneia, além de dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia, febre, calafrios e perda de peso.
“É uma doença aguda em que o pulmão fica muito enrijecido e não há remédio para isso. É uma situação muito grave em que precisamos usar uma série de remédios para melhorar a saúde da pessoa”, explica a pneumologista da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), lotada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Gilda Elizabeth Fonseca. Os danos causados pelo consumo do cigarro eletrônico incluem ainda envelhecimento precoce, falta de ar e cansaço excessivo.
A fumaça inalada passivamente também é perigosa: “São os mesmos riscos do cigarro convencional. Se a pessoa está próxima, em ambiente fechado, por um bom tempo, está se expondo aos mesmos riscos”, esclarece a médica. “Tem muita nicotina e muitos metais pesados que causam mal ao serem queimados e inalados. A fumaça chega muito rápido ao pulmão e ao cérebro, é muito volátil. Isso faz com que seja mais fácil viciar e causar dependência química”, aponta.
Os eletrônicos foram popularizados com a prerrogativa errônea de que são uma alternativa para a interrupção do uso dos convencionais. A informação não é reconhecida pelo Ministério da Saúde e, inclusive, a comercialização, importação e propaganda dos cigarros eletrônicos é proibida pela Anvisa. “Nenhum cigarro está isento de riscos”, frisa Fonseca. “Para quem já tem algum problema cardiorrespiratório, os malefícios são ainda mais graves. E também já temos casos de jovens com doenças que antes eram mais comuns em pessoas mais velhas, como câncer no pulmão sem histórico na família”, acrescenta.
A especialista da SES-DF alerta a importância da conscientização sobre os riscos do consumo do cigarro eletrônico. Gilda ressalta, ainda, que, pelo fato de os cigarros eletrônicos serem mais populares entre adolescentes e jovens, os pais e responsáveis devem ficar atentos aos hábitos dos filhos. “Como (os cigarros) são pequenos, podem ser facilmente escondidos em estojos, bolsos… É preciso cuidado para que nossa juventude não se vicie”, destaca. Diferentemente do convencional, o modelo eletrônico não utiliza fogo, uma vez que funciona a bateria, e é apresentado em diferentes formatos, como pen-drive e caneta. Além disso, a formulação inclui aditivos para saborizar a fumaça e mascarar os efeitos danosos do consumo.
Com saúde, sem cigarro
A melhor opção, tanto para o consumo dos cigarros eletrônicos quanto dos convencionais, é sempre parar de fumar. A Secretaria de Saúde coordena o Programa de Controle do Tabagismo no DF, conforme orientação da Coordenação Nacional do Programa de Controle do Tabagismo/ Instituto Nacional do Câncer (INCA/MS). A pasta oferece tratamento e atendimento aos pacientes em 77 unidades de saúde do DF, além da prevenção para que o hábito não atinja mais pessoas.
Interessados em interromper o vício devem procurar a unidade de saúde mais próxima de casa ou do trabalho. O tratamento consiste em encontros individuais ou em grupo com médico e equipe da Estratégia Saúde da Família. Inicialmente, são quatro encontros semanais e, ao longo do avanço do paciente, as reuniões passam a ser quinzenais e mensais, com duração total de um ano. O objetivo é avaliar o grau de dependência em relação ao cigarro e traçar um plano terapêutico individual, de modo cognitivo-comportamental e medicamentoso, se necessário.
Acesse aqui a relação dos Centros de Atendimentos de Tabagismo.
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Fonte: Agência Brasília