Já no anúncio da gravidez, é comum que muitos pais de primeira viagem escutem falácias relacionadas ao sono do bebê. Frases como “É melhor dormir agora, porque quando a criança nascer vai ser difícil” costumam amedrontar e trazer receios em relação às noites de sono da criança.
O que muitos pais não sabem é que nem sempre os bebês terão noites mal dormidas. No entanto, quando isso acontece, é preciso ter atenção, pois episódios em que a criança não dorme bem, permanece agitada e desperta com facilidade podem ser indícios de que há algo errado.
Falta de rotina, regressão de sono, estímulos visuais, fome e até mesmo saudade dos pais podem ser motivos que atrapalham as noites de sono contínuas do bebê. Felizmente, com cuidado, é possível sanar esses problemas rapidamente e devolver a qualidade de vida para os pequenos e seus pais.
Causas da privação de sono de um bebê
Segundo um estudo defendido no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o sono na infância reflete na qualidade de vida e saúde ao longo das outras fases do desenvolvimento. A mesma teoria é endossada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que aponta a qualidade do sono de um bebê como um fator de extrema importância para o crescimento e a consolidação da memória do pequeno.
O órgão ressalta que a quantidade de horas de sono pode variar conforme a idade da criança. No primeiro mês de vida, por exemplo, os pequenos podem ter ciclos de sono de 1 a 4 horas, intercalados por 1 a 2 horas acordados. Aos três meses, as horas sobem de 6 a 9 horas durante a noite, com sonecas diurnas que podem durar 5 horas.
Já aos seis meses de idade, o número de horas de sono a noite vai para 6 a 11 e as sonecas durante o dia duram em média 2 a 3 horas. Quando os períodos ficam muito diferentes dos apontados pela SBP e a criança apresenta dificuldades para dormir no berço infantil, é preciso ter atenção.
A privação de sono de um bebê pode estar relacionada a diferentes fatores. Conhecê-los pode fazer a diferença na vida de muitas famílias, uma vez que a qualidade do sono do bebê gera impactos direto a todos os moradores da residência.
Falta de rotina
Embora não pareça relevante, implementar uma rotina na vida do bebê pode fazer uma diferença significativa nas noites de sono. Nos primeiros meses de vida, o pequeno ainda está entendendo como funciona o mundo a seu redor e, por esse motivo, os pais desempenham um papel importante para introduzir uma rotina no dia a dia da criança.
Quando não há esse costume, existem mais chances de a criança despertar e chorar durante a noite, afetando a qualidade de sono de toda a família. A melhor forma de introduzir uma rotina para o bebê é adotando hábitos diários para fazê-lo entender quando é dia e quando é noite.
Estabelecer horários para acordar, brincar, passear, comer e dormir é fundamental nesse processo. Geralmente, muitos pais optam por começar a rotina de sono com um banho quente para relaxar, seguido da última troca de fralda, escolha do pijama e de uma história ou cantiga para dormir.
Repetir essas práticas todos os dias irá ajudar o pequeno a entender que está chegando o momento de dormir. Nos primeiros dias, pode ser mais complicado, mas os pais podem contar com a ajuda de babás eletrônicas no quarto da criança.
Segundo o D’Or Mais Saúde, existem diferentes modelos desse aparelho no mercado. Alguns possibilitam aos pais a visualização das imagens em HD e outros contam com formatos de bichinhos para trazer um ar lúdico à decoração.
Regressão do sono
De acordo com o Instituto de Pesquisa de Células-Tronco, a regressão do sono é um termo utilizado por profissionais e associações para se referir ao período de mudança nos padrões de sono dos bebês. Essa alteração geralmente ocorre quando acontece algum pico de crescimento na criança e ela acaba perdendo o sono por possíveis dores e desconfortos noturnos.
Nesse período, é comum ver os bebês chorando mais, sentindo mais fome e com as emoções afloradas. A dica para ajudar nesse momento é dar mais atenção aos pequenos e observar os sinais de cansaço para fazê-los dormir no momento exato. Cabe ressaltar que esse período não dura para sempre e as dificuldades para dormir tendem a diminuir com o passar dos dias.
Excesso de estímulos visuais
A tecnologia faz parte da rotina de muitas pessoas e vem sendo cada vez mais utilizada no dia a dia das crianças. Alguns pais costumam colocar desenhos animados na televisão ou em smartphones para entreter os pequenos. No entanto, é preciso ter em mente que o excesso de estímulos visuais pode atrapalhar o sono dos bebês.
De acordo com a SBP, a frequência de ondas e a luminosidade das telas altera a qualidade do sono das crianças. Esses equipamentos devem ser desligados cerca de 1 hora antes de dormir. No entanto, é sempre bom verificar a opinião do pediatra que acompanha a criança para saber a partir de que idade esses aparelhos podem ser utilizados.
Fome e sede
A fome é o primeiro motivo que vem a mente dos pais quando os bebês apresentam algum desconforto. Na hora de dormir, esse também pode ser um indicativo para a dificuldade dos pequenos ao pegar no sono.
Nos primeiros meses de vida, o leite materno é a única alimentação das crianças e sua digestão tende a ser rápida. Caso ocorra episódios em que o bebê chore e apresente dificuldades ao dormir por fome, é importante conversar com o pediatra para entender se a necessidade da criança por alimentação é maior.
Dessa forma será mais fácil de ajustar os horários e a quantidade da amamentação para promover mais qualidade de sono aos bebês.
Saudade dos pais
Nos primeiros meses de vida, os bebês podem apresentar dificuldades para dormir por saudade dos pais. De acordo com a Stanford Medicine Children’s Health, nessa fase da vida, os pequenos ainda não entendem as separações e apresentam certa ansiedade e saudade dos pais, impactando na qualidade do sono.
Nesses episódios, é comum vê-los chorar mais vezes durante a noite e perceber a diminuição do choro com a presença dos pais. Em situações como essa, pode ser interessante aderir ao uso de quartos conjugados e conduzir a separação gradualmente.
Também é importante buscar aconselhamento profissional, uma vez que a dificuldade para dormir também pode ser resultado de outros problemas.