No último mês, o medicamento Monjauro, análogo da GLP-1 (glucagon-like peptide-1) utilizado para o controle da glicemia e também para emagrecimento, têm ganhado destaque no Brasil. Voltado inicialmente para o tratamento de diabetes tipo 2, o princípio ativo tirzepatida passou a ser prescrito, com orientação médica, como alternativa eficaz no combate à obesidade.

Mas o que muitos pacientes não sabem é que a alimentação durante o uso desses fármacos não é apenas coadjuvante: é determinante para os resultados e a segurança do tratamento.

“Esses medicamentos atuam diretamente no apetite, saciedade e velocidade de esvaziamento gástrico. Isso altera significativamente o comportamento alimentar do paciente, o que exige um acompanhamento nutricional individualizado para evitar deficiências nutricionais, fraqueza ou até mesmo perda de massa magra”, explica a nutricionista Nathalia Maria Ribeiro Rodrigues, especialista em nutrição funcional, emagrecimento e composição corporal.

A especialista reforça que o foco da abordagem nutricional nesses casos deve ser a qualidade da alimentação, a reposição de vitaminas e minerais quando necessário, e a preservação da saúde intestinal e muscular.

“É comum que o paciente perca o apetite ou sinta desconforto para comer, mas isso não pode significar um estado de subnutrição. A prescrição de refeições leves, ricas em proteínas de alto valor biológico e fibras, e com boa densidade nutricional é essencial”, completa.

Risco de automedicação e efeitos colaterais

Com a popularização de medicamentos como o Monjauro, crescem também os casos de automedicação, especialmente por pessoas que buscam resultados rápidos na balança. O alerta dos especialistas é claro: sem acompanhamento profissional, os riscos são altos.

“Além de efeitos colaterais como náusea, constipação ou refluxo, o uso sem prescrição pode levar a quadros mais graves, como desnutrição, hipoglicemia ou problemas gastrointestinais. A perda de peso deve ser sempre acompanhada de avaliação e exames laboratoriais”, afirma Nathalia.

Ela destaca ainda que cada corpo responde de forma diferente à medicação, e que a alimentação deve ser ajustada ao longo do tratamento, conforme o metabolismo, as queixas do paciente e os resultados clínicos.

“O medicamento pode ajudar, sim, mas ele não substitui reeducação alimentar, gestão emocional e sono de qualidade. A nutrição adequada transforma o processo em algo duradouro”, reforça.

Sobre

Nathalia Maria Ribeiro Rodrigues é nutricionista clínica formada pela PUC Goiás, atua com foco em nutrição funcional, emagrecimento, nutrição estética e esportiva. Possui formação internacional como Coach em Nutrição Esportiva pela Link Education (EUA). Com abordagem integrativa e individualizada, acompanha pacientes com foco em resultados sustentáveis e melhora da qualidade de vida.