Com temperaturas altas, estiagem e a baixa umidade relativa do ar, o trabalho das brigadas de incêndio não para – e, vez por outra, pode reservar algumas surpresas. Foi o que aconteceu com a Brigada Florestal da Estação Ecológica Águas Emendadas (Esecae), que, logo no início das ações empreendidas na seca, encontrou duas corujas da espécie suindara (Tyto-furcata) em situação de perigo.
Além da árdua tarefa de combater focos de queimadas diariamente, o brigadista Gilberto Castro e sua equipe também assumiram a missão de cuidar das duas aves. “Encontramos as corujas muito pequenas”, conta. “Elas ainda não sabem voar, e percebemos que precisavam da nossa ajuda por serem presas muito fáceis naquela situação. Foi quando iniciamos o monitoramento”.
Uma das corujas, relata o brigadista, chegou a fugir do ninho e foi resgatada em situação de risco. “Fizemos uma varredura no local e a encontramos caída no capim alto – felizmente, sem nenhum ferimento aparente. Resgatamos e realocamos no ninho com a irmã”. Dois meses depois do primeiro contato, a equipe segue monitorando as aves, que, segundo Castro, estão cada dia “mais fortes, saudáveis e bonitas”.
Equilíbrio ambiental
Popularmente conhecida como coruja-das-torres, a espécie que está sendo monitorada na Esecae tem grande relevância para a cadeia alimentar. “Os predadores de topo de cadeia, como é o caso, são fundamentais para manter o equilíbrio”, explica o biólogo Rodrigo Santos, analista de atividades do meio ambiente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram). “A sua perda representa uma mudança significativa no funcionamento do ecossistema”.
As suindaras podem ser encontradas em áreas urbanas abertas, torres, igrejas, casas velhas, fazendas, pastagens e bosques. Nesses ambientes há muitos ratos e camundongos, principais componentes da dieta dessas corujas. Além deles, elas podem incluir outros pequenos vertebrados e invertebrados em sua alimentação.
Esecae
Localizada na região de Planaltina, a Estação Ecológica de Águas Emendadas é uma das mais importantes reservas naturais do Distrito Federal. Sua área de Cerrado, praticamente intacta, abriga espécies ameaçadas de extinção, como a anta, a suçuarana, o tamanduá e o lobo-guará, entre outros. Por se tratar uma Unidade de Conservação de Proteção Integral (UCPI), as visitas são restritas e ocorrem somente de forma guiada.
* Com informações do Ibram
Fonte: Agência Brasília