Criado para recuperar pontos de descarte irregular de lixo no Distrito Federal, o projeto De Cara Nova teve êxito na missão: em 2023, mais de 8,3 mil toneladas de resíduos foram recolhidos em áreas públicas. Em apenas um ano de execução, a iniciativa transformou áreas de 11 regiões administrativas e se consolidou como mais uma estratégia do Governo do Distrito Federal (GDF) para o combate ao mosquito Aedes aegypti.
As ações são executadas pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU), em parceria com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) e com as administrações regionais.
Novos pontos de descarte irregular serão transformados este ano. Os locais serão escolhidos com base na dimensão e no risco apresentado para a saúde da população. “A força-tarefa do projeto De Cara Nova vai atuar em 64 pontos considerados críticos pela Secretaria de Saúde. Vamos transformar áreas contaminadas por resíduos em locais seguros, combatendo a propagação do mosquito. Essa iniciativa do GDF promove saúde pública e renova espaços antes negligenciados, fortalecendo a comunidade contra a dengue”, salienta o diretor-presidente do SLU, Silvio Vieira.
As cidades já contempladas com o projeto foram Paranoá, Santa Maria, Gama, Samambaia, Ceilândia, Recanto das Emas, Itapoã, Brazlândia, Riacho Fundo II, Varjão e Arapoanga. Além do recolhimento do lixo, as áreas receberam o plantio de mudas e a instalação de placas informativas, bem como mobilização com ações educativas e de conscientização dos moradores.
O diretor de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde (SES-DF), Jadir Costa Filho, explica que, indiretamente, o plantio de mudas é um aliado na luta contra a doença. “Toda ação de cuidado e de zeladoria é importante para a população. O plantio faz com que as pessoas percam o hábito de jogar entulho e lixo na região, evitando a presença de depósitos do mosquito”, esclarece.
O mosquito costuma se esconder em lugares sombreados e sem circulação de vento. Em casa, o inseto às vezes procura ficar atrás da cortina e do sofá. “O ideal é abrir as janelas e as portas, balançar as cortinas, sempre que passar o fumacê, para que o veneno entre na residência, justamente pelo hábito de o mosquito de gostar de locais sombreados e sem vento”, pontua o diretor.
A última cidade atendida pelo projeto em 2023 foi um lixão em Arapoanga, próximo à via de acesso à cidade vizinha, Planaltina. O local acumulava lixo há mais de 30 anos – desde entulho, lixo verde a animais mortos – e tinha uma erosão de cerca de 20 cm. Mas, com o trabalho dos garis do SLU e dos servidores da Novacap, ficou irreconhecível. A equipe fez a limpeza completa do espaço, nivelou o terreno e plantou mudas de árvores e flores nativas do Cerrado. “Essa área era um dos maiores pontos de descarte ilegal, e foi transformada em um local de convivência da população”, defende o administrador regional do Arapoanga, Sérgio de Araújo.
Cuide da sua cidade
Quem contribui com o descarte irregular de lixo e entulho em locais inadequados pode ser multado pelos agentes da Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal). As equipes fiscalizam pontos de despejo irregular, lotes sujos e até mesmo quem coloca lixo orgânico fora do dia e horário predeterminado pela coleta do SLU. As medidas fazem parte do escopo da pasta e estão sendo intensificadas para combater o mosquito da dengue. As punições variam de notificações a multas que vão de R$ 2.799 até dez vezes esse valor, ou seja, R$ 27.799.
Para fazer o descarte correto, basta ir ao papa-entulho mais próximo de sua casa. O GDF oferece 23 equipamentos, que funcionam de segunda a sábado, das 7h às 18h. São aceitos restos de construção civil, móveis e outros volumosos (exceto eletrônicos), resíduos de podas e galhadas, materiais recicláveis e óleo de cozinha usado (acondicionado em garrafas PET). Cada pessoa pode descartar até 1 m³ de entulho por dia, o equivalente a uma caixa-d’água de mil litros.
Todos os dias, as equipes de limpeza e remoção de entulhos do SLU rodam o DF para retirar das ruas o que a população descarta incorretamente. O trabalho segue um cronograma que indica pontos viciados. Esses locais são limpos sistematicamente, mas voltam a ser alvo desse crime ambiental, muitas vezes no mesmo dia da ação dos garis. O problema afeta tanto a saúde dos moradores, devido ao risco da proliferação de doenças, quanto os cofres públicos, já que o SLU gasta mais de R$ 18 milhões por mês com a coleta que deveria estar nas lixeiras e caçambas.
Qualquer cidadão pode denunciar um lixão a céu aberto em sua comunidade. Para isso, basta contatar a Ouvidoria-Geral do DF pelo site ou telefone 162. É necessário incluir endereço completo e, se possível, fotos do local. Também é possível solicitar o recolhimento de entulho e resíduos vegetais, entre outras ações, como recapeamento, pinturas e instalações de equipamentos públicos. São recebidos, ainda, sugestões, reclamações e elogios.
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Fonte: Agência Brasília