Por Cris Oliveira
Engana-se quem acredita que os evangélicos continuarão dominando a política da fé no Distrito Federal. Embora mantenham presença significativa em regiões estratégicas, os dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios Ampliada (PDAD-A 2024), divulgados pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF/Codeplan), mostram que os católicos seguem como maioria religiosa na capital do país.
De acordo com o levantamento, 48,8% da população do DF se declara católica, enquanto 28,4% se identifica como evangélica. O cenário aponta para uma possível retomada de protagonismo político por parte de lideranças ligadas à Igreja Católica nas eleições de 2026, tanto no Legislativo quanto no Executivo local.
Políticos, parlamentares e figuras influentes com vínculos com a Igreja Católica têm se articulado de forma discreta nos bastidores do poder. Uma viagem conjunta ao Vaticano, realizada neste ano por representantes do DF, sinalizou a retomada de uma frente política católica alinhada à valorização das paróquias, ao fortalecimento das ações sociais promovidas pela Igreja e à defesa de pautas da família que voltam a ganhar espaço no cenário local.
Esse movimento reforça a intenção de ampliar a representatividade católica no cenário político do DF, com candidatos preparados para ocupar espaço nas urnas e participar da formulação de políticas públicas inspiradas em valores da fé cristã tradicional.
O estudo do IPEDF aponta predominância católica em regiões como Candangolândia (57,2%), Lago Sul (56,5%), Park Way, Cruzeiro e Taguatinga. Já os evangélicos têm maior concentração em áreas como SCIA/Estrutural (40,8%), Água Quente, Riacho Fundo II, Paranoá e Recanto das Emas.
A análise regional evidencia que, embora o avanço evangélico continue em algumas zonas periféricas, o catolicismo mantém força consolidada em áreas centrais e junto a segmentos sociais que tradicionalmente influenciam o processo eleitoral.
Expectativas para 2026
O cenário desenhado sugere que os católicos devem aumentar sua participação no debate político e lançar candidaturas competitivas. Há ainda a possibilidade de ocupar espaços em chapas majoritárias com vistas ao Palácio do Buriti.
A retomada do discurso de identidade religiosa, aliada à organização institucional da Igreja e à sua capilaridade social, pode se tornar uma estratégia determinante no próximo pleito.
O Distrito Federal caminha para uma nova configuração no campo da política religiosa. Com a maioria católica confirmada pelos dados, lideranças alinhadas à Igreja já se articulam para ocupar posições de destaque nas eleições de 2026. A mobilização deverá impactar não apenas o resultado das urnas, mas também a definição de pautas políticas, sociais e culturais da capital. Grandes eventos promovidos por paróquias em diversas regiões administrativas também ganham força nesse contexto, ampliando a influência da Igreja Católica no cotidiano do DF.