Agora a bola pode rolar em segurança. É que o campo de futebol de grama sintética do bairro Vila do Boa, em São Sebastião, recebeu nova iluminação. E melhor: a custo zero. Postes de luz foram remanejados para dar melhor qualidade de vida aos boleiros da cidade que enfrentaram pouca luminosidade e conviveram com choques no alambrado. Com a energia desligada, os portões foram lacrados por quase um mês por precaução.
O campo foi construído entre janeiro e abril de 2018 ao custo de R$ 390.319,58. Ele tem 2,5 mil metros quadrados e seria a solução para a carência de espaços de esporte e lazer para a região, mas, na prática, a realidade era diferente. O projeto de iluminação não atendia a necessidade.
Os refletores foram instalados no alambrado, o que os tornava alvo fácil de bolas mais altas que , consequentemente, quebravam as lâmpadas. A comunidade chegou a fazer “vaquinha” para comprar novas e mais eficientes. Eles juntaram R$ 1,4 mil, mas não adiantou. Há pouco mais de um mês, quando a estrutura começou a dar choques e sair faíscas, a energia foi desligada e os portões fechados.
A Administração Regional de São Sebastião recebeu quatro requerimentos de melhorias. Em fevereiro, a demanda voltou a ser registrada no projetoAdministração + Perto de Você, que reuniu as assinaturas de 500 moradores do bairro. A solução veio com um remanejamento de postes feito pela Companhia Energética de Brasília (CEB) após autorização da administração.
“Existia um campo de terra no local onde está sendo construído o Residencial Crixá. Com as obras do setor habitacional, os postes não eram mais utilizados. A transferência não gerou custos para o governo e não interferiu no projeto original”, explica o administrador regional substituto Juracy Paes Landim.
Comunidade aprova
São Sebastião tem apenas dois campos públicos para a comunidade. Neste, na Vila do Boa, mais de 300 pessoas desfrutam. Durante a semana, o local recebe um projeto social com 120 crianças, adolescentes e jovens. Nas segundas e quintas-feiras, 80 homens se reúnem para a Pelada dos Veteranos. Às sextas, é a vez de 30 mulheres jogarem futebol. Nos fins de semana, o espaço é liberado para eventos e atender a comunidade
João de Deus Brito, 39 anos, comanda o trabalho social realizado ali. “Aqui é o único espaço de lazer que temos para fazer projetos e retirar os jovens das ruas. Foram 23 dias sem acesso, já que desligaram a energia por causa do risco. Agora está realmente melhor, foi uma bênção ter a nova iluminação”.
Os principais interessados aprovam a mudança. Iago Rocha, 15 anos, conta que a iluminação era fraca e “quase sempre tinha lâmpada queimada”. Pior que isso, diz, era ficar a mercê da insegurança. Seu próprio irmão foi vítima dos choques. Ítalo Pereira, da mesma idade, participa do projeto desde o início e garante: “agora dá para treinar melhor porque é mais claro”.
Do time das mulheres, a motorista Caroline Santos, de 25 anos, provoca: “antes só iluminava o gol. Não tem mais desculpa para os goleiros”. A atleta foi selecionada em uma das peneiras da Taça das Favelas Brasília, um dos maiores campeonatos de futebol amador de campo do mundo, apoiado pela Secretaria de Esporte e Lazer.