“Eu só venho se for para tomar vacina ou se estiver doente”. A frase do contador Tiago Cerbele revela uma falta de cuidado ainda presente na vida dos homens adultos. Aos 37 anos, ele nunca fez o acompanhamento necessário após uma cirurgia bariátrica, não se submete a um exame de sangue desde 2019 e vive na tentativa de driblar as dores das pedras nos rins. “Só vou ao hospital quando ataca”, relata.
O morador da Asa Norte faz o relato dentro de uma unidade básica de saúde (UBS), enquanto aguarda uma consulta da esposa. A fala reflete os números da Secretaria de Saúde (SES): de 1,6 milhão de consultas realizadas entre janeiro e outubro nas 174 UBSs do Distrito Federal, só 33,5% foram para atender homens.
O índice cai para 27,5% quando se refere aos procedimentos de avaliação antropométrica (peso e altura) e aferição da pressão arterial. Os dados são relativos às pessoas com pelo menos 19 anos, o que reitera outra situação relatada por Tiago Cerbele: “Do meu filho, eu cuido. É de madrugada, é a hora que for preciso. Só não cuido de mim”.
É para alertar homens como Tiago que a campanha Novembro Azul foi criada. O objetivo agora vai além do cuidado com o câncer de próstata; alerta para a saúde masculina de maneira integral. “Os homens procuram menos a prevenção. Geralmente só buscam os hospitais quando as doenças já se instalaram”, afirma o médico urologista Álvaro Canuto, referência técnica distrital (RTD) da área na Secretaria de Saúde.
O médico explica que a campanha Novembro Azul tem sido bem-sucedida, registrando um aumento do número de homens em busca de prevenção contra o câncer de próstata, o mais comum no Brasil e o segundo em termos de letalidade, com 15.983 óbitos registrados no país em 2019, segundo o Ministério da Saúde.
O consultório do urologista, muitas vezes, acaba sendo o primeiro contato desse público com um profissional de saúde em muitos anos. “Torna possível ao urologista cuidar de toda a saúde do homem”, afirma Canuto.
Não é necessário, contudo, ir direto a esse profissional. O subsecretário de Atenção Integral à Saúde, Maurício Fiorenza, explica que a rede de UBSs está preparada para oferecer diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos homens em várias áreas, como saúde reprodutiva e mental.
“Lá, o homem vai ser acolhido por um profissional de saúde que vai fazer uma avaliação”, acrescenta. Se necessário, o paciente é encaminhado a centros especializados de saúde, onde podem ser tratadas doenças também comuns entre o público masculino, como diabetes e hipertensão.
Tanto na zona urbana quanto nas rurais, o DF é dividido em áreas de responsabilidade de cada UBS. É possível saber qual a sua unidade de referência a partir do seu CEP, no site Busca Saúde DF.
Programação
Ao longo do mês, unidades de saúde estarão decoradas e realizarão ações que vão de palestras à distribuição de preservativos. Confira, abaixo, a programação prevista para este mês nas unidades das regiões oeste, sul e norte. Entre as atividades, destacam-se bate-papo, testagem de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), oferta de exames e palestras sobre vários temas relacionados à saúde.
*Com informações da Secretaria de Saúde
Fonte: Agência Brasília