Após meses de negociações, o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), foi convencido pelas lideranças do partido a entrar na disputa pelo GDF. Apesar de negar, Valle subirá ao palanque ao lado do presidente nacional da sigla, Carlos Lupi, e do presidenciável Ciro Gomes, no próximo dia 8, durante reunião da executiva nacional, em Brasília. No encontro, ele será apresentado oficialmente como pré-candidato ao Palácio do Buriti. No mesmo evento, Ciro Gomes será oficializado como pré-candidato à Presidência da República.
A decisão foi tomada de forma estratégica. Enquanto analisa uma eventual formação de chapa com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), ter um candidato no DF que possa defender a plataforma de campanha fez com que Ciro Gomes desse sinal verde para o lançamento de Valle ao Buriti. Mesmo com a agenda cheia, ele tem reservado datas para participar de eventos na capital federal. Na última semana, o ex-governador do Ceará e ex-ministro palestrou durante seminário promovido pelo Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviço de Saúde de Brasília (SindSaúde). Na terça-feira, participará de um debate na Universidade de Brasília (UnB) sobre o cenário econômico brasileiro.
Joe Valle ganhou força no PDT após ser escolhido presidente da Câmara Legislativa
A aproximação com Ciro Gomes nas últimas semanas fez com que o nome de Valle ganhasse mais força no partido. No entanto, o distrital apresentava resistência em se posicionar oficialmente e costumava dizer a correligionários que “não seria candidato de si mesmo”. Para convencer o pedetista, o presidente nacional precisou atuar diretamente nas negociações. “Nós vínhamos conversando há algum tempo e, no fim, terminou sendo um consenso. Eu e o resto do partido achamos que ele é uma boa alternativa, e ele se convenceu também”, reforçou.
De acordo com Lupi, a atuação de Valle à frente da Câmara Legislativa se mostrou fundamental para que o PDT fechasse o posicionamento. “Ele é o nome mais forte do partido hoje em Brasília. Teve uma boa projeção nos últimos tempos, está se saindo bem. A pré-candidatura é um caminho natural”, analisou.
Valle recebeu carta branca para negociar com partidos e formar alianças. Tem conversado com o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) e com o deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF). O PPL e o PCdoB também estão envolvidos nas negociações para a formação de uma frente de centro-esquerda que possa disputar o segundo turno das eleições de outubro. “Eu estarei presente no lançamento da pré-candidatura do Ciro, mas a minha pré-candidatura não está acertada. É um processo, e eu estou trabalhando. Tem muita gente na minha frente, e eu estou me preparando. É uma responsabilidade muito grande. Eu estou na fila”, despistou Valle.
Joe encabeça na Câmara o projeto de resolução que propõe o fim da verba indenizatória para deputados distritais. A medida deve ser votada no segundo semestre e servirá como trampolim para sua campanha. “Nós acreditamos que podemos fazer uma frente alternativa aos nomes que estão postos. Temos conversas bem adiantadas com PCdoB, PPS e PSD para a formação de uma terceira via na campanha”, adiantou o deputado distrital Reginaldo Veras (PDT).
No entanto, o grupo pode sofrer um racha. O PPS pretende lançar o ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) Valmir Campelo à disputa do Executivo local, o que pode fazer com que os dois partidos se distanciem.
Concorrentes Com a confirmação do lançamento da pré-candidatura de Joe Valle, o Distrito Federal passa a ter, pelo menos, cinco nomes para o pleito de outubro (leia No páreo). Contando com o apoio do Pros e do Solidariedade, o governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), trabalha pela reeleição. Ele aguarda uma definição nacional para saber se terá o PSDB ao seu lado. Tudo depende do aval do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que ensaia uma aproximação com os socialistas.
Mesmo sem o apoio do partido, o deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF) garante que concorrerá ao GDF. Caso a dobradinha PSB/PSDB se confirme, o parlamentar manifestou a possibilidade de migrar para outra legenda a fim de disputar o Executivo local. Principal nome de oposição a Rollemberg, Jofran Frejat (PR) pretende ser a aposta de uma frente de centro-direita. O ex-secretário de Saúde tem como trunfo a boa colocação em pesquisas encomendadas pelo grupo formado por DEM, PP e MDB.
Pelo PTB, Alírio Neto recebeu o apoio do presidente nacional da sigla, Roberto Jefferson, e se coloca como nome paralelo ao de Frejat. A campanha ainda terá a presença do estreante Alexandre Guerra (Podemos). Herdeiro do grupo Giraffas, ele ainda não mostrou aproximação com nenhum partido.
No páreo
Pré-candidatos ao Palácio do Buriti
Rodrigo Rollemberg (PSB)
O governador trabalha pela reeleição e conta com o apoio do Solidariedade e do Pros. Também negocia a formação de uma chapa com o PSDB.
Jofran Frejat (PR)
Principal nome de oposição a Rollemberg, Frejat aparece à frente de pesquisas e negocia com diversos partidos de centro-direita em torno de uma coligação.
Alírio Neto (PTB)
Presidente regional do partido, Neto recebeu aval do presidente nacional da sigla, Roberto Jefferson, e se coloca como pré-candidato ao GDF.
Izalci Lucas (PSDB)
Apesar de não ser um nome de consenso dentro do partido, o deputado federal se apresenta como pré-candidato ao Buriti.
Alexandre Guerra (Novo)
Herdeiro do grupo Giraffas, Guerra foi o primeiro a anunciar oficialmente a pré-candidatura. Trabalha na campanha.