O Carnaval 2025 vai ficar marcado na história da capital federal como o carnaval da mobilidade. O balanço final da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) mostra que somente na segunda-feira (3) houve um crescimento de 57,2% no uso do transporte público em relação ao mesmo dia do ano passado. Em 2024, foram 489.943 acessos a ônibus e metrô, enquanto em 2025 esse número saltou para 770.364. A demanda foi tamanha que o governo precisou reforçar a frota de ônibus. O crescimento no uso do transporte foi particularmente expressivo nas áreas periféricas do Distrito Federal, onde o peso da tarifa no orçamento familiar é mais sentido.
Enquanto o GDF faz o seu trabalho e constrói alternativas para melhor atender a população, quem não tem o mesmo compromisso faz o trabalho da desinformação. O pré-candidato ao Governo do Distrito Federal Ricardo Cappelli escolheu adotar como estratégia de campanha a produção de uma espécie de “reality show” nas redes sociais.
Com um salário de mais de R$ 43 mil reais, ele resolveu se “sacrificar”, dispensou o motorista particular e decidiu passar uma semana em cada Região Administrativa de Brasília. Em sua jornada, tem feito o mais do mesmo: come aquele clássico “podrão” na rua, anda de carroça, bate papo com moradores, tudo registrado e muito bem editado.
No período, Cappelli se aventura pelos ônibus da cidade como uma espécie de “sommelier de transporte público”. “Esse aqui tem ar-condicionado”, “esse aqui está cheio”, “essa linha poderia ser melhor” — um verdadeiro especialista de última hora, ignorando que a realidade é fruto de um longo processo de desmonte do sistema de transporte público do Distrito Federal – que nunca foi bom, realidade que é conhecida há anos por quem depende do sistema diariamente.
Cappelli – que conta com o apoio do Partido dos Trabalhadores em sua pré-candidatura – critica a atual gestão, mas não menciona o período de sucateamento dos serviços de transporte público de Brasília sob a gestão do petista Agnelo Queiroz.
Durante a gestão de Agnelo Queiroz (2011-2014), a cidade enfrentou um cenário caótico no transporte público: frota defasada, metrô com obras inacabadas e greves frequentes. O sistema, longe de ser modernizado, ficou estagnado e ineficiente.
A promessa de ampliação da Linha 2, ligando o Plano Piloto a Ceilândia e Samambaia, ganho enredo de novela, com infinitas temporadas e sem final. Obras atrasadas, estouros no orçamento e nada de melhorias concretas. A estação Aeroporto, que deveria ser um marco do governo petista, só foi concluída recentemente, já na gestão Ibaneis.
Outro marco da gestão Agnelo, foram as greves. Os motoristas e cobradores de ônibus passaram meses em paralisação, reivindicando melhores condições de trabalho enquanto a população ficava a pé. Cappelli, porém, prefere ignorar esses detalhes e focar na narrativa do “agora estou vivendo o sofrimento do povo”.
Cappelli pode até estar atuando bem, mas quem vive a realidade do transporte público não precisa de ninguém para apontar os problemas já conhecidos. Que tal, ao invés de apenas encenar, discutir soluções reais? Se a intenção é mesmo ajudar, assumir que a situação atual é a melhor desde o legado deixado pelo próprio partido.
Cris Oliveira