Com 8 anos de filiação partidária no PSDB e muitos filiados, Virgílio Neto – primeiro suplente de Deputado Distrital do PSDB – falou ao Blog da Cris a respeito da crise da falta de democracia que vive o partido refém de intervenções consecutivas na nacional e indicações de assessores e parentes do presidente na executiva do partido.

Blog da Cris: O Partido está passando pela segunda intervenção nacional por interferência do Deputado Izalci Lucas. Como você vê essa atitude do deputado?

R: É lamentável. O PSDB-DF não tem tido democracia interna. Desde 2011 que não temos eleição. Estamos sendo conduzidos por presidentes biônicos, cujos interesses nem sempre são os do partido, de forma geral. Em um momento político como esse em que estamos, no qual nosso Presidente Nacional Interino propõe uma reflexão sobre os erros do partido, precisamos refletir sobre a necessidade de termos democracia interna. Sem ela, sem espaço para novas lideranças, estamos perdemos os filiados militantes que poderiam revigorar o partido.

Blog da Cris: O Deputado Izalci foi acusado de ter parentes contratados pelo PSDB-DF. Alegou que o partido é uma instituição privada e que as contratações são legais. Agora os partidos pagarão campanhas em 2018 com recursos do fundo público partidário. O que você entende dessa situação? A prática da contratação de parentes é ilegal? Ou é imoral?

R: O partido é sim uma instituição privada e as contratações são sim legais. Contudo, é importante lembrar que o financiamento do partido ainda é público, de todo o contribuinte. Dessa forma, vejo que o dinheiro do contribuinte deve ser tratado com respeito, transparência e com seriedade. E nesse momento da política brasileira vejo que temos que usar a máxima da mulher de César para a política, ou seja, o presidente não pode ser só honesto, ele deve parecer honesto aos olhos da população. É nesse caso, não sei se a população vê com bons olhos essas contratações.

Blog da Cris: Os correligionários sabiam das contratações dos parentes do Presidente?

R: Muitos sabiam, mas não havia muito a se fazer. O PSDB Nacional entregou o PSDB-DF numa bandeja para o Izalci. Ele é dono do partido hoje e trata seu financiamento como se não fosse público. A nova executiva é composta por 8 pessoas empregadas do seu gabinete, e os demais são do seu grupo político, ou seja, a única que não era do seu grupo pediu para sair, pois foi colocada sem seu consentimento.

Blog da Cris: Existe um boato que o PSDB não quer a candidatura do Deputado Izalci porque o partido já tem um acordo com o PSB do Governador Rollemberg. É verdade?

R: Claro que não. Eu desconheço qualquer acordo com o Rolemberg. A candidatura a governador do PSDB no DF será decidida pelo PSDB Nacional em função da coligação do nosso candidato a Presidente. Por exemplo, se for Alckmin o candidato, é provável que o PSB apoie o PSDB no plano nacional exigindo como contrapartida o apoio do PSDB-DF a Rolemberg. Se for Doria, cresce a chance de termos uma candidatura própria, penso eu.

A despeito disso, eu acredito que a candidatura própria é sempre bom para o partido. Não tenho restrições à candidatura de Izalci ao Governo, mas sou frontalmente contrário a sua permanência na presidência do partido, pois ele não trabalha pelo partido, mas apenas para si e sua candidatura.

Blog da Cris: O Deputado Izalci negociou a indicação de Fabiana Torquato para a Secretaria de Patrimônio da União. Nesse caso, O PSDB-DF recebeu algum cargo na SPU pela indicação feita em nome do partido? Como fica a imagem do Deputado do PSDB que bate no Governador Rollemberg, mas afaga os correligionários do PSB, já que ele bate tanto na tecla de que não apoiou o PSB, sendo que a indicada Fabiana Torquato fazia parte do Grupo de Trabalho da Terracap no governo Rollemberg e era filiada do PSB até a sua indicação?

R: Eu desconheço o porque desta indicação, mas é muito estranha a conduta do Dep Izalci. O PSDB-DF tem grandes quadros que poderiam ocupar qualquer cargo.

Blog da Cris: Como está o clima no PSDB-DF após a intervenção nacional?

R: O clima está péssimo. Antes da nova intervenção, eu disse a Izalci que caso eu fosse eleito presidente do partido me proporia a trabalhar pela candidatura própria do PSDB-DF, ou seja, candidatura dele ao governo. Disse também que deveríamos fazer isso de maneira democrática, conversando com todas as lideranças e filiados. Tínhamos que unir o partido. No entanto, ele optou por outro caminho, o da truculência e autoritarismo. O que conseguiu foi unir o partido contra ele… apenas os seus empregados o apoiam. A situação está tão ruim que Izalci tem mandado recados ameaçando expulsar todos que forem contrários à sua permanência na presidência, sobretudo, mandou dizer que me expulsará. Não se constrói uma candidatura dessa maneira.

 

 

Cris Oliveira