Em um ano cercado de incertezas e dificuldades ocasionadas pela pandemia de Covid-19, o Distrito Federal conseguiu superar, em 2020, o número de transplantes de fígado realizados em 2019. Ao todo, foram feitos cem procedimentos no ano passado, frente aos 92 realizados no período anterior. O procedimento de número 100 ocorreu na madrugada da última quarta-feira (30), quando a equipe do Instituto de Cardiologia do DF (ICDF) concluiu com sucesso mais um transplante hepático.
A diretora da Central Estadual de Transplantes do DF, Camila Vieira Hirata Almeida, disse ser necessário reconhecer a importância desse marco. Segundo ela, as complicações impostas pela Covid-19 exigiram novos protocolos, o que aumentou os desafios a serem encarados pelos profissionais que atuam na área de doação de órgãos e pelas equipes de transplante. “O teste de Covid em todos os doadores, novas rotinas e os cuidados na cirurgia de captação. Tudo passou por transformação”, comentou. “E mesmo assim, conseguimos chegar a esse número que nos orgulha bastante”.
Depois da realização do transplante número 100, o Cadastro Técnico Único – conhecido popularmente como lista de espera – conta com dez pacientes aguardando pelo procedimento no DF. “Essa fila poderia ser menor. Hoje ainda temos uma taxa de recusa familiar pela doação alta”, informou Camila. De acordo com dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), a média nacional de recusa, em 2019, foi de 40%. Já no DF, essa média foi de 38%.
O teste de Covid-19 em todos os doadores, novas rotinas e os cuidados na cirurgia de captação. Tudo passou por transformação. E, mesmo assim, conseguimos chegar a esse número, que nos orgulha bastante
Camila Vieira Hirata Almeida, diretora da Central Estadual de Transplantes do DF
Por outro lado, Camila Hirata chama atenção para os ótimos resultados obtidos pelos profissionais que trabalham na conscientização da importância da doação de órgãos. “Acredito que esse bom desempenho seja resultado do trabalho de uma equipe extremamente dedicada, qualificada e comprometida”, afirma. “É preciso que a cultura da doação esteja cada vez mais presente em nossa sociedade. Sem doadores não há transplante. E para que a doação e o transplante possam acontecer é necessário que a família seja acolhida e tenha todas as informações e os esclarecimentos necessários. É uma decisão importante em momento muito difícil”, relata.
Mais equipes em ação
Em 2019, existiam apenas duas equipes credenciadas para a realização da cirurgia. Nesse ano, outras duas equipes foram cadastradas, aumentando a capacidade de atendimento pelo SUS DF. Responsável pelo procedimento de sucesso ocorrido em 30 de dezembro, o médico André Watanabe chamou atenção para o esforço das equipes em fazer a captação dos órgãos. “O empenho das equipes em irem captar órgãos em outros estados é fantástico”, mencionou. “E como estamos no centro do país, nossa logística nos permite captar em todas as unidades da Federação com a mesma eficiência”, afirmou.
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Transplantes realizados no DF entre 1º de janeiro a 30 de dezembro de 2020:
• 21 transplantes de coração
• 100 transplantes de fígado
• 221 transplantes de córnea
• 79 transplantes de rim
• 99 transplantes de medula óssea
Cadastro Técnico Único (lista de espera) no DF:
• Coração: 17
• Córnea: 389
• Fígado: 10
• Rim: 512
*O Cadastro Técnico Único é nacional
Agradecimento ao gesto de amor
Em setembro, em comemoração à campanha Setembro Verde, a equipe da Central Estadual de Transplantes do Distrito Federal foi até algumas famílias de doadores de órgãos no DF para levar um presente especial pelo grande gesto de amor. Juntamente com uma almofada em formato de coração, um livreto foi entregue contendo algumas histórias de quem recebeu um órgão e teve a vida renovada com um transplante. A ação, em comemoração ao Dia Nacional do Doador de Órgãos, percorreu todo o DF para levar alegria àqueles que disseram “sim” à transformação de uma vida.
*Com informações da Secretaria de Saúde
Fonte: Agência Brasília