Os assuntos econômicos e a importância de saber lidar com o dinheiro de forma responsável estão em alta no Brasil. Seja pelo número de endividados, que atinge mais de 76 milhões de pessoas no país, de acordo com levantamento realizado pelo Serasa, ou pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets no Senado, que está acontecendo e traz à tona o uso irresponsável do dinheiro. Uma das principais ferramentas para fazer com que  crianças e adolescentes se tornem adultos preparados para lidar com o próprio dinheiro é a educação financeira.

Conceitos relacionados às finanças, como investimento, poupança e valores monetários, devem ser apresentados a crianças e jovens de forma que esse conhecimento acompanhe seu desenvolvimento. Desta maneira, as chances deles se interessarem pelo assunto são bem maiores. De acordo com a educadora financeira e bancária Vanessa Cristiane Motta de Matos, os assuntos devem ser inseridos no dia a dia o quanto antes.

Assuntos devem ser introduzidos de acordo com a idade

Cada idade possui uma percepção diferente sobre o dinheiro e a economia. Para que os aprendizados realmente sejam absorvidos, é importante adequar a forma de ensinar de acordo com a idade. A partir dos três anos, os conceitos de educação financeira podem ser iniciados, mas sem focar no valor das notas ou moedas, e sim na quantidade. Nesta faixa etária,para a criança, cinco moedas de dez centavos valem mais do que uma nota de cinco reais.

“Se eles se baseiam pela quantidade, vamos introduzir o conceito de ‘fazer escolhas’. Faça atividades onde a criança precise escolher entre duas coisas. Não basta perguntar se ela prefere uma boneca ou um sorvete, precisa ter contexto e sentido. Leve seu filho ao mercado e diga que ele pode escolher uma única coisa. Provavelmente, a criança vai querer mais de uma, mas neste momento você deve reforçar o combinado e permitir apenas um produto”, explica Vanessa. Ela ainda destaca que, mesmo que isso frustre a criança, é importante entender que nem sempre podemos ter tudo o que queremos; mesmo que seja difícil para a criança, ela vai sentir poder, por entender que a decisão da escolha foi dela.

Até os seis anos, as atividades podem ser baseadas na questão da quantidade, mas a partir dos sete, os valores monetários devem ser incluídos. Entendendo quanto custa cada nota ou moeda, as atividades podem continuar no mercado, mas agora com escolhas diferentes. Dê à criança um valor que se enquadra em sua realidade e deixe ela escolher o que quiser comprar com aquele valor recebido. Após a compra, analise com ela se foi a melhor escolha e, caso ela ache que não, é um ótimo momento para ensinar a criança a pensar antes da tomada de decisão de compra da próxima vez que forem ao mercado.

“Quando a criança ficar um pouco mais velha, vá ao mercado com ela e diga que você tem tantos itens para comprar com uma quantia X de reais, e peça ajuda a ela para escolher os produtos dentro daquele orçamento. Além de ser divertido, é educativo. Ela vai aprender a comprar com inteligência e começar a entender que dinheiro tem limite. Sempre que possível, repita, mas também ensine sobre pequenas economias dentro de casa, como apagar a luz, fechar as torneiras e cuidar dos brinquedos, e mostre que esses simples atos podem fazer ‘sobrar’ dinheiro no final do mês e que pode  ser convertido em algum passeio, cinema ou jantar em família”, ressalta a educadora financeira.

Outra forma de ensinar esses assuntos às crianças é por meio de jogos. A gamificação é uma maneira atrativa de ensinar temas importantes e necessários. A Investeendo, uma startup que tem o objetivo de ensinar educação financeira por meio da gamificação, possui jogos físicos e virtuais para alcançar esse propósito. As atividades são replicadas nas escolas, e por meio de uma economia circular dentro de sala de aula, os jovens aprendem noções básicas de investimentos, poupança, moedas virtuais e podem até trocar por itens de verdade.

Adolescentes e o uso real do dinheiro

Durante a adolescência, os jovens possuem noções sobre os valores monetários, mas muitos não conseguem relacioná-los com os gastos familiares. Vanessa explica que, nesta idade, os pais ou responsáveis devem conversar e mostrar, desde o gastos básicos até os mais complexos. “É importante colocar tudo no papel, pois os adolescentes ainda não têm noção real dos custos mensais. Os pais não podem ter receio de falar quanto ganham, pois de que maneira o jovem vai entender que precisa economizar, se ele não tem ideia de quanto entra de dinheiro na família e quanto é o gasto mensal?”.

A partir do entendimento das contas familiares, pequenos objetivos a serem cumpridos podem ser feitos, e é um ótimo momento de ensinar temas mais complexos, como o extrato bancário, compras no cartão de crédito e investimentos. “Abra uma conta em um banco para o seu filho e ensine sobre essas possibilidades. Não precisa ser expert no assunto para poder ensinar o básico”, destaca Vanessa, que lembra que 1 a cada 5 jovens, já entra no mercado de trabalho endividado.

Ao se tornar pequeno aprendiz ou estagiário, os adolescentes já terão acesso a suas próprias contas, e o ideal é que neste momento, já tenham mínimas noções financeiras. “Provavelmente, a maior parte das pessoas não lembram no que gastou o primeiro salário; isso porque não tinham nenhum objetivo com o dinheiro a não ser gastar. Uma sugestão é que 15% do salário deve ser retirado para investir e 15% para juntar a cada mês para adquirir um bem mais caro. O restante pode ser usado com o que achar necessário, inclusive com gastos supérfluos. Muitos acham que educação financeira é não poder gastar com nada, mas isso não é verdade. É gastar e mesmo assim ter um valor investido”, orienta a educadora financeira.

Sobre a Investeendo

A Investeendo é uma startup fundada por Sam Adam Hoffmann, Vanessa Cristiane Motta de Matos e Mariana Motta de Matos, que une educação financeira e gamificação para transformar a relação de jovens com o dinheiro. Surgida de um encontro inusitado entre um professor da rede pública do Paraná e duas bancárias, a iniciativa já impactou mais de 6 mil jovens em três estados brasileiros por meio de uma metodologia inclusiva baseada em jogos analógicos e aplicativos em totens digitais, implementada em mais de 40 instituições de ensino. Reconhecida por sua inovação, a Investeendo participou do programa Shark Tank Brasil, conquistando visibilidade nacional, foi a grande vencedora do 12º Prêmio Legado de Empreendedorismo Social, recebeu o prêmio em 1º no Inovativa como a melhor startup em educação e foi uma das startups que receberam o selo Latam de Inovação da América Latina.  Para mais informações, acesse https://www.investeendo.com/ e acompanhe nas redes sociais (@investeendo_edu) e no LinkedIn: Investeendo.