DF Folia 2025 abre espaço para tradições e culturas populares

O Carnaval, assim como a cultura em geral, está em constante transformação. Novos ritmos, danças, lugares e artistas tornam as experiências de cada ano únicas. No entanto, existem aquelas manifestações que não podem faltar, que construíram o Carnaval e o transformaram no símbolo da identidade nacional.

Em Brasília, alguns blocos cumprem a missão de trazer maracatu, frevo, cavalo-marinho, coco, ciranda, samba pisado – ritmo criado pelo grupo Seu Estrelo – e outros gêneros tradicionais do vasto universo musical brasileiro para o meio da brincadeira.

No domingo (2), o Bloco da Tesourinha celebrou o centenário do frevo, gênero que é cultuado pelo bloco desde a sua fundação, em 2007. Uma das atrações foi a Orquestra Popular Marafreboi, comandada pelo maestro Fabiano Medeiros, pernambucano que participa do Carnaval de Brasília há três décadas, também como instrumentista.

“A recepção do público é sempre muito positiva e há uma convivência intergeracional maravilhosa”

Fabiano Medeiros, maestro da Orquestra Popular Marafreboi

“A cidade tem uma conexão muito grande com a cultura nordestina. Trazer essa tradição é penetrar ainda mais na identidade cultural da cidade, mexer com as suas raízes, seus primeiros candangos. E esses gêneros são diretamente ligados ao Carnaval”, assinala o maestro.

O Marafreboi conta, no seu repertório, com ritmos como maracatu, frevo, bumba-meu-boi, xote, baião, ciranda, tambor-de-crioula e cavalo-marinho. “A recepção do público é sempre muito positiva e há uma convivência intergeracional maravilhosa. Sempre vejo com encantamento os foliões acompanhando a orquestra no chão, que é uma coisa que só existe no Brasil dessa forma”, complementa.

No início da noite, a Marafreboi teve um encontro, no palco, com a Orquestra Alada Trovão da Mata, que tomou conta da festa até pouco antes do encerramento do bloco. A orquestra é uma manifestação genuinamente candanga. Em seu batuque, o pulso que rege é a batida do Samba Pisado, ritmo cerratense criado e tocado pelo grupo Fuá do Seu Estrelo (DF), inscrito no Patrimônio Cultural Imaterial do DF. De acordo com a organização, cerca de 15,5 mil foliões passaram pelo Tesourinha ao longo do dia.

O secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Claudio Abrantes, enfatiza que o DF Folia 2025 é um grande encontro de gerações e tradições que fazem do nosso Carnaval uma festa única. “Aqui, o frevo se mistura ao samba, o axé encontra o maracatu, e a nova cena cultural dialoga com os blocos mais tradicionais, criando uma folia vibrante e cheia de identidade”, destaca Abrantes.

Para Stéffanie Oliveira, presidenta do Instituto Rosa dos Ventos – organização da sociedade-civil (OSC) que realiza o DF Folia em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal -, “esse encontro de tradições populares de diferentes gerações e referências é um dos aspectos estruturantes desse Carnaval, uma edição que preza pelo respeito antes de tudo, e tem a diversidade como bandeira. É um exemplo vivo do que buscamos com nossas campanhas difundidas ao longo da produção desse nosso Carnaval genuinamente candango”.

O Bloco da Tesourinha é ideal para toda a família pular o Carnaval com tranquilidade. A arquiteta Juliana Torres, de 46 anos, levou a pequena Júlia, 7, para cair no frevo pertinho da Fonte da Torre de TV. A mãe considera o bloco seguro, familiar e muito divertido. “Eu adoro nossas raízes nordestinas nesses ritmos. Passar essa cultura para as crianças é fundamental”, aponta Juliana.

A pequena Maria Clara, 10 anos, foi com o pai, Bruno Linhares, 41, que é categórico: espírito de Carnaval é na rua. “Esses ritmos são a essência do Carnaval. A festa se deve a esses ritmos”, pontua o corretor de imóveis, que diz sempre levar a filha para o Tesourinha.

Já o servidor público Fábio de Araújo, 47, levou a filha Iara para viver o primeiro Carnaval da vida dela no bloco. Ela tem apenas um aninho de vida. Ele conta que a família acompanha o Tesourinha há um bom tempo. “Também toco esses gêneros, faço parte de grupos percussivos. Esses ritmos são a base do Carnaval, são a tradição”, conta.

Ventoinha

Quem gosta de curtir essas manifestações mais tradicionais ainda tem a oportunidade de ver um Carnaval mais tradicional. O Ventoinha de Canudo, há 22 anos na folia candanga, leva o pífano para o centro da folia. “É muito importante oferecer para essa geração que nos acompanha – crianças, jovens e adultos – a possibilidade de conhecer um pouco mais sobre essas culturas. Que o pífano, maracatu e os bonecos gigantes possam ser valorizados”, deseja Dani Neri, integrante do Ventoinha.

O Carnaval é tomado por hits virais, mas o grupo faz questão de continuar bebendo da fonte dos mestres das culturas populares e tradicionais. “Temos um público sempre com a gente construindo uma folia muito linda e cuidadosa. Também temos um histórico de ser um bloco sem violência, premiado por ser um dos mais limpos do Carnaval. Nossa expectativa é de que continue assim na paz e respeito, integrando as várias gerações”, deseja Neri.

Neste ano, o bloco convida o maracatu Baque Folha para fortalecer a festa, que ocorrerá nesta terça-feira (4), das 16h20 às 22h, na Fonte da Torre de TV.

*Com informações da Secec-DF

 

Fonte: Agência Brasília

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