Quando um hábito inicialmente divertido se torna um desafio pessoal? E onde procurar ajuda para enfrentar uma mudança necessária a fim de voltar a viver bem? Especialmente nesta segunda-feira (20), Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, as respostas para essas duas perguntas dependem de uma reflexão e ajudam a explicar como funciona a rede de atendimento mental da Secretaria de Saúde (SES).
De acordo com a psicóloga Priscila Estrela, da Diretoria de Serviços de Saúde Mental, o momento de pedir ajuda é quando o hábito começa a afetar o trabalho, a vida social e até os momentos de lazer. “O uso passa a ser disfuncional na vida de uma pessoa”, resume. Na prática, percebe-se que as substâncias psicoativas utilizadas com frequência causam transtornos, como o afastamento de amigos e parentes, problemas laborais e até danos à saúde física.
Um exemplo típico é quando a pessoa abandona o hábito de beber eventualmente, como em dias de jogo do time preferido, e passa a só poder assistir a uma partida se estiver embriagada, chegando ao ponto de priorizar o vício. A mesma situação pode ocorrer em aniversários, festas e datas comemorativas: o sinal de alerta é quando nada parece fazer sentido se não estiver acompanhado da substância ligada ao vício – álcool, tabaco, drogas ilícitas.
Porta de entrada
O primeiro passo é procurar uma das 175 unidades básicas de saúde (UBSs) espalhadas por todo o Distrito Federal. Ali, o paciente passará a ser acompanhado por profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF), como médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos, entre outros especialistas. “É realizado um acompanhamento interdisciplinar, inclusive para detectar e tratar outras queixas de saúde”, explica a gerente de apoio à Saúde da Família, Ângela Sacramento.
A pessoa pode passar por consultas e atividades em grupo, incluindo as práticas integrativas em saúde, como terapia comunitária e yoga. A UBS também fornece medicação e faz o acompanhamento necessário de várias outras doenças que possam ter sido desenvolvidas em decorrência do abuso de álcool, cigarro ou outras drogas. Para ser atendido, basta levar documento de identificação e comprovante de residência à UBS mais próxima.
Ângela Sacramento também destaca a lógica de atuação com base no núcleo familiar. “Quando fazemos o acolhimento desse indivíduo, acolhemos a família”, afirma. A equipe da UBS também faz a interface com programas sociais, e se houver a identificação da necessidade de tratamento mais intenso, a pessoa pode ser encaminhada a uma das sete unidades do Centro de Atenção Psicossocial Especializado em Álcool e Drogas (Caps-AD).
Atendimento especializado
As unidades do Caps-AD do Guará, Santa Maria, Sobradinho, Itapoã, Ceilândia, Samambaia e do Setor Comercial Sul atendem pessoas a partir dos 16 anos com sofrimento intenso causado pelo uso de álcool e de outras drogas. O tratamento pode ir desde consultas e atividades coletivas a internação por períodos de até 14 dias. “Cada situação vai se desenhar de uma forma – é o que a gente chama de plano terapêutico singular”, detalha a assistente social Carla Sene, gerente do Caps-AD do Setor Comercial Sul, conhecido como Caps Candango.
O público de um Caps-AD é variado. Há pacientes encaminhados pelas UBSs, pessoas em situação de rua e aquelas que procuram atendimento diretamente na unidade.
Em Ceilândia, Samambaia e no Setor Comercial Sul, o funcionamento é 24 horas, incluindo fins de semana e feriados. Com uma equipe especializada, esses locais fazem uma avaliação de cada paciente, de forma a identificar transtornos que tenham sido provocados ou agravados por abuso de drogas lícitas ou ilegais.
No dia a dia de um Caps, os servidores identificam a situação geral da vida de um paciente, como sua rede de apoio e condições psicossociais. O principal alerta é para o fato de os dependentes do álcool adiarem o início do tratamento. “No caso do álcool, que é uma substância socialmente aceita, a pessoa demora para perceber o seu grau de dependência, e isso é muito grave”, alerta Carla Sene.
Confira a localização e os serviços oferecidos pelos centros de atenção psicossocial do DF.
*Com informações da Secretaria de Saúde
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Fonte: Agência Brasília