“Agora, começo a traçar e a seguir novos planos na minha vida”, projeta Wellington Lisboa, de 50 anos, ao se despedir dos colegas e da equipe de acolhimento da Casa de Passagem de Planaltina, nesta sexta-feira (30). Após ingressar como motorista na empresa de transporte público do Distrito Federal, o ex-cidadão em situação de rua, alugou a própria casa e segue seu caminho.
A Casa de Passagem de Planaltina faz parte do serviço de acolhimento da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), em parceria com o Instituto Tocar, uma organização da sociedade civil responsável pela gestão do espaço. O DF conta com unidades como essa em Taguatinga, Gama e Guará, sendo essa última destinada a receber famílias com crianças, onde o objetivo é oferecer um ambiente familiar para os acolhidos.
Abertas a partir do fim de março, as quatro casas de passagem têm cozinheira, orientadores sociais, psicólogos e assistentes sociais. Desde então, somando as quatro unidades, mais de 570 pessoas já se beneficiaram com o serviço. Dessas, ao menos 60 foram reintegradas à família, retornaram para seus estados de origem ou iniciaram em empregos.
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Na Casa de Passagem, além do acolhimento, alimentação, dormitório e assistência psicossocial, o agente de segurança foi encaminhado para cursos e teve orientações para questões simples como dar entrada em documentos e produzir o próprio currículo.
Outra virada
“Estou nas ruas desde os meus 12 anos. Eu já nem lembrava mais o que é ter uma casa”. Esse relato é de João Carlos Jaques de Oliveira, de 48 anos. O agente de segurança privada alugou uma casa e mudou-se na quinta-feira (29), após ficar acolhido por três meses na Casa de Passagem de Planaltina.
“De maneira geral, o objetivo é dar dignidade e empoderar essas pessoas. Mostrar a elas que são protagonistas do próprio futuro”
Mayara Noronha Rocha, secretária de Desenvolvimento Social
Desacreditado da própria vida, ele recebeu apoio e orientação da equipe técnica, sendo referenciado pela psicóloga Marina Miranda e pela assistente social Tatiane Monsuet, quando entrou na unidade. “Elas me mostraram um novo horizonte. Acreditaram em mim e pediram para eu ter um objetivo e não desistir dele”, ressalta João Carlos. “E eu segui isso.”
“Meu sonho, agora, é poder participar na criação dos meus dois filhos, construir uma nova família e poder orientar quem está na situação em que eu estive”, destacou o morador de Planaltina.
O atendimento
“De maneira geral, o objetivo é dar dignidade e empoderar essas pessoas. Mostrar a elas que são protagonistas do próprio futuro. Oferecer as ferramentas para que possam ascender na vida”, enfatiza a secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha.
“As unidades de acolhimento garantem segurança alimentar e nutricional aos usuários, com refeições diárias, e funcionam como abrigo com camas para dormir, banheiros e lavanderia”
Regina Almeida, presidente do Instituto Tocar
A entidade parceira, no caso o Instituto Tocar, fica responsável pela implantação, execução e manutenção do Serviço de Acolhimento para Adultos e Famílias, pelo período de 24 meses, prorrogável pelo mesmo período.
“As unidades de acolhimento garantem segurança alimentar e nutricional aos usuários, com refeições diárias, e funcionam como abrigo, com camas para dormir, banheiros e lavanderia”, enumera a presidente do Instituto Tocar, Regina Almeida. Também são oferecidos espaço de convívio social, cursos técnicos, atendimento médico com apoio das equipes de consultórios na rua e orientações sobre a covid-19.
Abaixo, confira os canais de comunicação e solicitações de atendimento para a população em situação de rua:
. Central de Atendimento, pelo telefone 3322-1441: todos os dias de semana (inclusive finais de semana e feriados), das 8h às 20h.
. Ouvidoria do GDF: na internet ou pelo telefone 162.
*Com informações da Sedes
Fonte: Agência Brasília