Sem demonstrar proximidade com a realidade das 35 Regiões Administrativas do Distrito Federal, o secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, escalou o tom contra o governador Ibaneis Rocha (MDB). Em uma publicação provocativa nas redes sociais, Cappelli acusou Ibaneis de má gestão dos recursos do Fundo Constitucional do DF (FCDF), questionando a eficiência da administração local em áreas cruciais como saúde, educação e segurança pública.
Cappelli, que se posiciona como pré-candidato ao Governo do Distrito Federal, parece ter escolhido um caminho controverso para iniciar sua trajetória política na capital. Seu discurso sugere apoio a uma proposta do governo federal que visa reduzir os recursos destinados ao DF, o que, segundo analistas, pode ser visto como um ataque direto aos serviços públicos essenciais da região.
A polêmica sobre o reajuste do Fundo Constitucional
O ataque ocorre em meio ao debate sobre a proposta do Ministério da Fazenda, liderado por Fernando Haddad, que sugere alterar o cálculo de reajuste do Fundo Constitucional. A proposta propõe substituir a vinculação à Receita Corrente Líquida (RCL) da União pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que poderia reduzir significativamente os repasses ao DF ao longo dos anos.
Para Ibaneis, essa mudança representa uma ameaça direta à estabilidade financeira do DF, especialmente no financiamento de áreas essenciais. Atualmente, o Fundo Constitucional é a principal fonte de financiamento de serviços públicos na capital. Em 2023, destinou R$ 9,6 bilhões para segurança pública, R$ 8 bilhões para saúde e R$ 5,4 bilhões para educação. O orçamento de 2025 prevê R$ 66,6 bilhões, dos quais R$ 25 bilhões vêm do Fundo.
“Eles têm raiva de Brasília. Será a segunda tentativa desse governo de reduzir o crescimento do Fundo. Mas o povo de Brasília é forte, e a classe política está unida. Vamos mostrar o desacerto dessa medida e convencer os congressistas”, declarou Ibaneis, referindo-se a uma tentativa anterior de limitar o reajuste do FCDF, que poderia ter gerado uma perda acumulada de R$ 87,7 bilhões em 10 anos.
Capelli contra os serviços públicos do DF
Como pré-candidato ao GDF, Cappelli já enfrenta críticas por começar sua campanha pelo “lado errado”, apoiando medidas que enfraquecem o financiamento de serviços públicos essenciais para a população do DF. As regiões administrativas, como Ceilândia, Samambaia e Planaltina, dependem diretamente de recursos do Fundo Constitucional para manter escolas, hospitais e a segurança pública funcionando de forma eficiente.
Ao apoiar a proposta de mudança no reajuste, Capelli corre o risco de ser visto como um agente contrário aos interesses dos brasilienses. Ibaneis já alertou para o impacto da proposta, que comprometeria áreas estratégicas e afetaria diretamente o dia a dia da população mais vulnerável.
Segurança pública como prioridade de Ibaneis
Enquanto Cappelli critica a gestão do governador, Ibaneis apresenta números que reforçam os avanços em sua administração. Em 2023, R$ 9,6 bilhões do Fundo Constitucional foram destinados à segurança pública, com investimentos em infraestrutura policial, modernização de equipamentos e ampliação de efetivos. Programas como o DF Mais Seguro e as Operações Integradas de Segurança (OIS) têm contribuído para a redução da criminalidade em várias regiões administrativas.
Cris Oliveira