Brasília e os 40 anos da Axé Music: conheça as bandas tradicionais de Brasília que surgiram no Carnaval

Em 2025, a Axé Music celebra 40 anos de história desde que Luiz Caldas lançou a emblemática “Fricote”, marcando o nascimento de um dos gêneros mais vibrantes e populares da música brasileira. Nascida em Salvador, a Axé Music tornou-se sinônimo de alegria, resistência e celebração cultural, transformando o Carnaval baiano em um fenômeno de alcance mundial. Apesar de ainda não haver uma data oficial para o Dia Nacional do Axé Music, da compositora e compositor Musical Brasileiro, a deputada Lídice da Mata (PSB-BA) propôs que a celebração ocorra em 17 de fevereiro, por meio do Projeto de Lei PL 4187/24. O projeto, já debatido em audiências públicas, reforça a importância desse gênero musical para a cultura brasileira. Embora a Bahia seja o berço do axé, Brasília desempenhou um papel singular na disseminação e adaptação do gênero, consolidando uma cena local autêntica que se mantém vibrante até os dias de hoje.

O Axé chega ao cerrado

No final dos anos 1980, os primeiros acordes da Axé Music ecoaram em Brasília, trazidos por uma crescente comunidade de migrantes nordestinos, especialmente baianos. Apesar de ser conhecida como a “Capital do Rock”, com bandas icônicas como Legião Urbana e Capital Inicial, Brasília revelou-se um terreno fértil para os ritmos enérgicos e vibrantes da Bahia.

Nesse contexto, surgiram iniciativas que ajudaram a dar visibilidade ao axé no Cerrado. O trio elétrico Massa Real, fundado por Paulinho Moreno e Mano, com a participação especial de Cássia Eller, foi pioneiro ao trazer a magia do axé para a capital. Outras bandas locais, como Trem das Cores, Banda Imagem e Banda Magia, consolidaram uma identidade própria e singular para o axé em Brasília.

Os Anos 1990: A explosão do axé em Brasília

Durante os anos 1990, Brasília viveu o auge do axé. Festas universitárias, eventos corporativos, blocos carnavalescos como Baratona, Pega Pega e Raparigueiros, além da tradicional Micarecandanga, tornaram o gênero indispensável em celebrações de todos os tipos. Bandas locais não apenas reproduziam os sucessos de Salvador, mas também criavam músicas autorais, contribuindo para a riqueza e pluralidade do axé.

Destaques da cena brasiliense
• Trem das Cores: Banda pioneira que lançou LPs e CDs autorais, animando carnavais em diversas Regiões Administrativas do DF, Salvador e outras cidades brasileiras.

• Banda Imagem: Protagonista do axé brasiliense, participou do Bloco Polimania no Carnaval de Salvador, foi destaque no primeiro Carnaval de rua de Palmas (TO), tocou na Orla da Barra da Tijuca (RJ) com trio elétrico e marcou presença em grandes eventos, como o Bloco Mingau em Cuiabá Lançou os blocos Pega Pega no Circuito Eixão Norte e o Bloco da Solidariedade na Micarecandanga, que trocava abadás por cestas básicas, firmando seu compromisso social. Com álbuns autorais e apresentações marcantes, tornou-se referência no gênero.
• Banda Magia: Presença constante em grandes eventos, incluindo as memoráveis Domingueiras Baianas no Marina Sul, que marcaram época.

Outros grupos, como Bicho Grillo, Maracujá com Dendê, Doce Feitiço, Obsessão, Art Sublime e Mitiie do Brasil, também ajudaram a moldar a identidade do axé em Brasília. A banda Mitiie do Brasil, liderada por Roney Arnout, destacou-se ao mesclar elementos da swingueira e do axé com a essência cultural do Cerrado.

Nos anos 1990, a banda soteropolitana Visão das Cores também chegou a Brasília, influenciando diretamente a formação de grupos como Patakundum e DNA Salvador, este último ativo até hoje.

A Micarecandanga: O evento símbolo do axé no DF

A Micarecandanga foi o evento de maior representatividade da Axé Music no Distrito Federal, reunindo os maiores ícones do gênero. Por quatro anos consecutivos, a Banda Imagem foi destaque, animando a Pipoca e os camarotes com o trio elétrico patrocinado pela Coca-Cola, patrocinadora oficial do evento. A banda encerrou sua participação com o desfile do Bloco da Solidariedade, consolidando-se como um dos maiores nomes do axé no Cerrado.

Grupos percussivos e a inclusão no Axé brasiliense

Além das bandas, grupos percussivos desempenharam um papel fundamental na preservação do axé e na promoção da inclusão:

• Asé Dudu: O grupo percussivo mais antigo da cidade, peça-chave na fundação da Liga dos Blocos Tradicionais do DF.
• Surdodum: Coletivo inclusivo formado por músicos com deficiência auditiva, demonstrando a força da diversidade.
• Groove do Bem, Batalá e Obará: Mantêm viva a essência do axé e da percussão afro-brasileira.

O Legado e a nova geração do axé em brasília

Quatro décadas depois, Brasília segue pulsando ao ritmo contagiante da Axé Music. Artistas como Adriana Samartini, Thiago Nascimento, Salcedo, Santo Pecado, Thiago Fresson, Chiki Tá Bacana e Juliana Müller, além da banda Eduardo e Mônica, continuam a tradição, renovando o gênero com influências contemporâneas.

A capital também é um celeiro de novas gerações de músicos e bandas, reafirmando Brasília como um polo cultural diverso e plural. O axé brasiliense, com seu sotaque próprio do Cerrado, permanece como um símbolo de resistência, criatividade e autenticidade, encantando novas gerações e consolidando a cidade como um dos grandes centros culturais do Brasil.

Brasília: Capital plural e musical

Neste marco de 40 anos da Axé Music, fica evidente que Brasília é muito mais do que a “Capital do Rock”. A cidade também se destaca como um dos grandes palcos do axé, carregando o legado de pioneiros como Trem das Cores, Banda Imagem e Massa Real. A energia de novos talentos e o compromisso com a inclusão reafirmam a capital federal como um mosaico cultural, onde tradições e ritmos de todo o Brasil encontram espaço para prosperar.

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