A comunidade terapêutica Amai – Casa do Sol Azul, em Padre Bernardo (GO), é uma das entidades parceiras da Subsecretaria de Enfrentamento às Drogas, da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), no acolhimento voluntário de dependentes químicos, uma das etapas de tratamento oferecidas pelo governo. Ao todo, o Distrito Federal conta com 12 comunidades do formato, que ofertam 330 vagas por mês.
Especializado no tratamento das mulheres, o local oferece atendimento terapêutico individual ou em grupo, com abordagem das questões da dependência química, as manifestações de compulsão e as emoções. Além disso, há o cronograma de atividades, que passam por cuidado pessoal, organização doméstica, alimentação e aulas de ioga, teatro, zumba, matemática, português e educação física.
“Elas têm um cronograma com várias atividades ao longo do dia. A gente ensina a cuidar do externo para que elas possam se organizar internamente. As atividades físicas são para ter a liberação de dopamina, que atua no estado de prazer, que é o que elas buscam na droga”, afirma a terapeuta Licia Santana.
Há pouco mais de um mês, a dentista Maria* deixou a comunidade terapêutica Casa do Sol Azul após um ano de acolhimento. Ela deu entrada no local para tratar o abuso no consumo de remédios e álcool. “Eu vinha sofrendo com depressão. Foi a partir daí que minha dependência por remédios se manifestou, e valém de tudo desenvolvi o alcoolismo. Eu estava num desespero incontrolável. Na minha vida, tudo era um vazio que eu preenchia com as substâncias”, lembra.
No período que passou na comunidade, ela aprendeu a controlar a doença. “A gente tem que estar sempre vigilante, porque é uma doença emocional. Precisamos desse amparo”, comenta. O desejo dela, agora, é poder voltar a atuar na área de odontologia e fazer um trabalho voluntário que possa ajudar mulheres dependentes químicas.
Ana*, de 50 anos, encontra-se ainda acolhida na comunidade terapêutica, mas já percebe os resultados do tratamento depois de quatro meses. Após uma tentativa de autoextermínio, ela foi hospitalizada e depois encaminhada ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps), até que foi redirecionada para tratar a dependência em bebidas alcoólicas. “Quando você chega ao fundo do poço, você percebe que tem que sair. Foi por isso que eu vim para a Casa do Sol Azul”, conta.
No começo foi difícil se adaptar, mas, com a ajuda da comunidade terapêutica, ela vem se reinserindo na sociedade e já sonha em reconquistar o que perdeu por causa da doença e criar novas oportunidades: “Penso na recuperação da minha vida, da minha sobriedade em primeiro lugar, do meu filho. Quero continuar num caminho diferente daquilo que eu vivia, um caminho que me foi demonstrado aqui”.
Procurar ajuda especializada ainda é um desafio para os dependentes químicos. “Muitas pessoas têm essa dificuldade. Acham vergonhoso ter essa doença; outras nem imaginam que seja uma doença. A pessoa precisa de ajuda quando o uso da substância começa a interferir nas relações pessoais, na sociedade, no trabalho, na vida financeira e na saúde”, afirma a psicóloga da Amai, Marlucia Pieri.
Para participar do programa de prevenção do GDF, acolhimento e reinserção social de dependentes químicos, basta procurar pelo número de WhatsApp (98314-0639), por e-mail (acolhedf@sejus.df.gov.br) ou indo até a sede da Sejus, na antiga Estação Rodoferroviária.
*Para garantir o sigilo das entrevistadas, seus nomes foram substituídos por fictícios
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Fonte: Agência Brasília