Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro passou a ser monitorado com tornozeleira eletrônica nesta quinta-feira (18). A decisão faz parte do avanço do inquérito que apura tentativa de golpe de Estado e outras ações antidemocráticas após a eleição de 2022.

A Polícia Federal foi até a residência de Bolsonaro, no Jardim Botânico, em Brasília, para cumprir a ordem judicial. Além do uso obrigatório da tornozeleira, o ministro impôs:

  • Recolhimento domiciliar entre 19h e 7h;

  • Proibição de uso das redes sociais;

  • Restrições severas de contato, incluindo com o próprio filho, o deputado Eduardo Bolsonaro;

  • Proibição de qualquer tentativa de se aproximar de embaixadas estrangeiras.

A medida veio acompanhada de novos mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao PL, partido do ex-presidente. A PF também reforçou que há risco real de fuga — o que teria motivado o endurecimento das cautelares. Não à toa, a decisão reforça o alerta sobre a possibilidade de Bolsonaro buscar asilo em alguma representação diplomática.

Silêncio na direita e tensão no QG liberal

O núcleo duro bolsonarista reagiu com silêncio ou cautela. Nos bastidores, aliados demonstram preocupação com a escalada do processo e com a proximidade de uma condenação definitiva. A Procuradoria-Geral da República já pediu mais de 40 anos de prisão por crimes como tentativa de golpe, obstrução de Justiça e coação no curso do processo.

A ala jurídica de Bolsonaro ainda avalia se recorrerá da medida no plenário do STF — o que, na prática, é visto como inócuo diante do histórico de decisões do ministro Moraes e da maioria que o acompanha.

Uma tornozeleira que pesa na política

Seja no campo jurídico ou no campo político, o uso de tornozeleira em um ex-presidente da República é um marco sem precedentes. A imagem de Bolsonaro limitado, monitorado, e fora das redes sociais — principal trincheira de sua atuação política — é um golpe duro na sua retórica de “perseguido pelo sistema”, mas também enfraquece sua capacidade de articulação rumo às eleições de 2026.

Enquanto os bolsonaristas tentam criar uma narrativa de “mártir da liberdade”, o Judiciário avança com firmeza. A dúvida agora é: o ex-capitão resiste à pressão ou está perto do xeque-mate político e judicial?