Recém-empossada no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo manifestou grande preocupação com as consequências da exposição das pessoas, em especial crianças e adolescentes, aos sites de apostas online, popularmente conhecidos por bets. Segundo ela, os jogos de azar estimulam um “comportamento viciante” comparável ao vício em álcool ou outras drogas.

Macaé Evaristo participou, nesta quarta-feira (2), do programa Bom Dia, Ministra, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Dizendo-se contrária a jogos de azar, a ministra disse estar especialmente preocupada com a exposição que crianças e adolescentes têm a esses jogos nas redes sociais e na TV.

“Sou avessa a jogos de azar, apostas, e a tudo que faça a pessoa perder a sua casa por uma brincadeira. Isso não é natural nem normal, nem deve ser incentivado em termos de sociedade. Do ponto de vista da política, temos debates sobre essa questão no âmbito do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. É um tema que afeta as famílias”, disse a ministra.

Segundo ela, a exposição excessiva às apostas online é algo que precisa ser combatido pelo poder público. “No dia a dia e a toda hora, quando usamos o celular, estamos expostos a uma propaganda que é massiva e naturaliza uma questão que não é natural. Não é natural pegar o salário, que é para comprar comida, e colocá-lo no jogo de apostas porque, no geral, quem ganha é a banca. Você vai perder. Tenha certeza disso. Vai perder seu salário, sua casa e o alimento dos seus filhos”, alertou a ministra.

“Do ponto de vista dos direitos da criança e do adolescente, é indevido que, no horário do futebol na TV, o tempo todo, estarmos vendo propaganda disso. Isso me preocupa de sobremaneira. Temos de aprender a lidar com essa questão. A ver quais mecanismos serão adotados, a partir dos debates nos ministérios sobre regulação e sobre como garantir a proteção de crianças, adolescentes e famílias”, acrescentou.

Perguntada sobre o uso de recursos do Bolsa Família nesses sites de apostas online, a ministra disse acreditar que esse uso inadequado dos recursos não seja tão significativo, como tem sido falado. Em especial porque a maioria desses benefícios são administrados por mulheres. “E todos sabemos que as mulheres são mais comedidas no uso do dinheiro da família”, argumentou.

Para Macaé Evaristo, é fundamental que as pessoas compreendam que o vício em jogo não está ligado à classe social, mas a um conjunto da sociedade. Segundo a ministra, trata-se de um comportamento viciante que, estimulado, captura as pessoas.

“Assim como ninguém está livre de ter um vício em álcool e outras drogas, ninguém está livre do vício em jogo. Por isso essa questão precisa ser tratada com cuidado”, defendeu.

Prioridades

A ministra Macaé Evaristo disse estar ainda se inteirando sobre as políticas públicas em desenvolvimento na pasta que assumiu na semana passada. Mas adiantou algumas de suas prioridades, como a de avançar com os 7 mil processos de anistia ainda em andamento. “Todos precisam ser analisados, e é um volume muito grande. Alguns estão prontos, mas preciso sentar com a equipe e fazer um balanço do andamento dos processos para responder de maneira mais ágil aos demandantes”.

Outra prioridade envolve a proteção aos povos indígenas, o que abrange desafios ligados à demarcação de terras indígenas e a proteção de áreas já demarcadas, algo que, segundo ela, precisa ser trabalhado de forma intersetorial, envolvendo vários ministérios.

“Nosso desafio é o da interiorização. Não podemos ficar apenas na capital. Precisamos estar dentro desses territórios, sempre precedidos de uma escuta muito ativa desses povos, porque temos compromissos de não desenvolver políticas que não sejam pactuadas com eles”, disse.

A ministra citou também como prioridade, políticas voltadas aos idosos. “A população brasileira está envelhecendo como um todo. Portanto, temos de olhar para essa população que vai apresentar demandas diferenciadas do ponto de vista da política pública”.

Segundo a ministra, a exemplo do Bolsa Família, as políticas voltadas ao idoso também terão, nas mulheres, papel relevante. “É nas mulheres que acabam recaindo os cuidados não só com as crianças, mas com os mais velhos”, justificou.

Fonte: Agência Brasil