Por: Regis Machado*

As delações de diversas empreiteiras e, mais recentemente, dos executivos da JBS escancararam para todos que, no Brasil, já não é mais o povo quem elege seus próprios representantes. Quem os elege, na verdade, são os grandes grupos empresariais, direcionando montantes astronômicos de dinheiro via financiamentos ilícitos de campanhas e de candidatos com vistas a auferir benefícios e vantagens nos futuros governos.
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Mas agora, até mesmo essa ilusão de democracia, esse resquício do gostinho democrático que é votar diretamente nos nossos representantes, os parlamentares estão querendo retirar do povo brasileiro. E isso sob a mais mesquinha das motivações, que é simplesmente manter o Foro Privilegiado para os políticos investigados no âmbito da Operação Lava Jato, tendo em conta a baixa perspectiva de que eles consigam se reeleger em 2018 na base do voto tradicional.
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É preciso alertar e alardear aos quatro ventos sobre esse verdadeiro golpe que está sendo gestado, neste exato momento, no Congresso brasileiro. Se aprovada a votação em lista fechada, você, eleitor, que já teve grande parte do poder do seu voto roubada pelas empresas, conforme colocado anteriormente, terá tudo o que lhe restou extirpado de forma definitiva, agora pela classe política. Comparecer às urnas no dia da eleição será uma mera formalidade. O objetivo será manter tudo exatamente como sempre foi, do mesmíssimo jeito, comandado pelas mesmas pessoas, os caciques partidários de sempre.
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Mas não será sem luta. Mesmo no meio político, essa estratégia encontrará enorme resistência, como nos mostra coluna recente do Deputado Distrital Chico Leite (Rede-DF): “A lista fechada é o meio que os políticos que hoje estão sendo investigados, processados e até condenados em primeira instância possuem para não só poderem participar das próximas eleições diretas mas, fundamentalmente, para terem condições de se reelegerem. Por isso a proposta avançou rapidamente e, caso aprovada, deve ampliar ainda mais o vácuo existente entre representantes e representados no Brasil” ( http://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/colunistas/reforma-politica-para-reformar-a-politica ).
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A hora é de intensa mobilização. Como bem identificou o Deputado, nosso sistema político há muito está na UTI e precisa de reformas urgentes para não morrer de vez. O problema é que as reformas necessárias, infelizmente, não serão pautadas pelos Parlamentares, preocupados apenas em preservar os próprios pescoços e carreiras políticas. A verdadeira reforma política para o Brasil precisa ser pautada pela própria população, com vistas a aproximar os políticos do cidadão comum, reduzir o custo das campanhas, reforçar o compromisso ideológico dos partidos e dos candidatos, aumentar a transparência e reduzir a corrupção dos mandatos.
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Essas são as bandeiras que precisamos carregar. Esse é o norte das medidas que precisamos propor e defender no seio da própria sociedade. Como prevê nossa Constituição, “Todo o poder emana do povo”. Exerça o seu, reaja. Não deixe que decidam por você, sejam as empresas, sejam os políticos.
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#MudeaPolitica
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*Auditor do Tribunal de Contas da União (TCU)
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