Embora a higienização das mãos tenha ganhado a atenção das populações em todo o mundo com a pandemia de covid-19, essa atitude básica de higiene já era há muito tempo incentivada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que instituiu 5 de maio como o Dia Mundial de Higienização das Mãos. A medida é considerada uma das mais eficazes para combater a doença.

A higienização das mãos ganhou força com a campanha divulgada pela mídia de que essa era uma das medidas para prevenir a covid-19. Só que a prática já era uma medida eficaz para várias outras doenças, dentro ou fora do hospital”, disse, em entrevista à Agência Brasil, a enfermeira Daniele Moço, da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN).

Dentro do ambiente hospitalar, a comissão já fazia várias campanhas para a prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde, ensinando os profissionais a higienizar as mãos. “A gente fazia estudos e via que a adesão dos profissionais à higienização das mãos era baixa”, afirmou Daniele.

Importância mundial

Na época do vírus H1N1, a higienização ganhou força porque foi divulgado que ele era transmitido por contato e gotícula, “igualzinho à covid-19”, comentou. A enfermeira do CHN de Niterói relatou que depois que as campanhas param, os cuidados diminuem, tanto por parte dos profissionais de saúde quanto da população.

Neste momento de pandemia, a higienização das mãos ganhou importância mundial. Por isso, a OMS vai dedicar a semana de 3 a 7 de maio à campanha para incentivar esse procedimento. “O que nós orientamos é que a pessoa entenda que não basta só passar o álcool na mão. Existe uma técnica para higienizar as mãos com álcool gel e água e sabão. Passar só o álcool na mão não é o suficiente. A pessoa tem que friccionar nos movimentos corretos indicados pela OMS”, disse Daniele Moço.

No ambiente hospitalar, há cinco oportunidades para a higienização das mãos recomendadas pela OMS: antes de tocar o paciente; antes de fazer qualquer técnica asséptica no paciente; após o risco de exposição a fluidos corporais ou excreções; após tocar o paciente; e após tocar superfícies próximas ao paciente. “Qualquer coisa no quarto do paciente tem risco de transmitir doença para ele ou para outros pacientes”, alertou Daniele. Essas práticas protegem o paciente, o profissional e a próximo pessoa que ele for atender.

Bactérias

Daniele reforçou que no hospital há várias bactérias multirresistentes. “Se você atender um paciente, sair dali sem higienizar as mãos e for atender outro, você leva aquela bactéria para ele. A gente chama de super bactérias, porque são muito resistentes a várias classes de antibióticos”. Caso o paciente seja infectado por uma delas, o antibiótico comum não funciona. Tem que ser antibióticos de classe mais agressiva, afirmou Daniele. Por meio das mãos, pode-se transmitir inúmeros tipos de enfermidades, como conjuntivite, escabiose (sarna), herpes simples, gripe e resfriado, ressaltou.

Ela advertiu ainda que tanto os profissionais de saúde têm que estar atentos a isso, quanto a população. “Principalmente agora, no momento pandêmico que estamos vivendo, a higienização das mãos é a oportunidade mais preventiva que a gente tem contra a covid-19. Usar a máscara e fazer a higienização das mãos em todas as oportunidades que a gente tiver”.

Fora do ambiente hospitalar, a pessoa deve higienizar as mãos antes e depois de tocar qualquer coisa. Além disso, a enfermeira alerta que levar à boca algum alimento ou objeto contaminado também pode ser perigoso. “É importante não só higienizar as mãos, como tudo que elas tocam”, lembrou.

Na rua

Álcool gel
Álcool gel

Álcool gel – Marcello Casal JrAgência Brasil

Segundo a enfermeira, o álcool gel facilitou a vida das pessoas que estão na rua e nos transportes públicos, como o metrô, por exemplo, porque é o método mais fácil para se prevenir da covid-19. O procedimento correto de aplicação do álcool gel leva de 20 a 30 segundos, até o álcool secar. Já a técnica de higienização das mãos com água e sabão leva de 40 a 60 segundos. “Por isso, o álcool gel ganhou tanta força. É mais fácil para prevenir”.

No CHN, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar vai promover campanha de desinfecção durante a próxima semana, ensinando ao grupo de profissionais a importância da higienização das mãos com álcool gel e com água e sabonete.

Fonte: Agência Brasil