Em períodos de emergências como epidemias ou sazonalidades, às vezes é necessário restringir o atendimento na porta das unidades de saúde. É para atender melhor todos os pacientes do Distrito Federal que o Hospital de Base, o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) e as 13 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) sob gestão do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) seguem o Protocolo de Classificação de Risco do Manual da Secretaria de Saúde (SES-DF). Além disso, utiliza-se também a metodologia de humanização e de acolhimento ao usuário.

“Tem dias que recebemos tantas pessoas com necessidade de classificação de risco vermelha, em estado gravíssimo e que necessita de atendimento imediato, que precisamos deixar de atender as outras classificações temporariamente”, explica Leny Cátia Xavier Santos, enfermeira rotineira encarregada da UPA de Ceilândia I. Mesmo assim, ninguém deixa de ser avaliado e receber sua classificação.

Ferramenta de apoio à tomada de decisão clínica, a Classificação de Risco é uma maneira de padronizar a linguagem para as urgências clínicas, traumáticas e obstétricas. “O principal objetivo é a imediata identificação dos usuários mais graves, o que permite um atendimento mais ágil, seguro e oportuno, sempre seguindo cada uma das cores e suas orientações”, explica.

A classificação pode ser realizada novamente, a pedido do paciente. De acordo com ela, se um paciente classificado como verde há vinte minutos ou mais pede para ser reclassificado por sentir que sua dor aumentou ou por entender que apareceram novos sintomas, é feita uma nova avaliação. Com isso, pode acontecer dele ser colocado em outra faixa de risco, que necessite de um atendimento mais urgente.

Entendendo as classificações

Vamos imaginar a seguinte situação: o paciente chega à recepção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) se queixando de dor de cabeça e cansaço no corpo. Ao ser examinado pela equipe de enfermagem, não apresenta febre, pressão alta ou qualquer outra alteração. O paciente reforça que a dor de cabeça está muito forte e que ele não consegue aguentar mais.

De acordo com Leny, a dor é considerada o quinto sinal vital. “A dor é um sentimento muito subjetivo, mas sabemos que quando ela é intensa, temos também alteração de outros sinais vitais como aumento de frequência cardíaca ou da pressão arterial, por exemplo”, afirma. A presença de alteração nesses outros sinais vitais é o que vai ajudar o profissional classificador a saber qual a melhor forma de atender o paciente.

Segundo o chefe do Núcleo da Central Tática de Resolutividade do HRSM, Ronaldo Lima Coutinho, o tempo de espera entre a classificação até o atendimento médico depende da gravidade de cada paciente na chegada à porta da emergência.

“Casos vermelhos são de atendimento imediato, pois são pacientes com risco iminente de morte. Já os pacientes laranjas possuem risco de agravamento, necessitando de atendimento médico e assistencial de enfermagem de modo contínuo”, explica. De acordo com ele, pacientes classificados como amarelo necessitam de atendimento médico mediato, ou seja, podem ser atendidos nos consultórios médicos do pronto atendimento por ordem de chegada.

Um paciente que fosse colocado na faixa de risco azul, por exemplo, seria atendido por um médico e encaminhado para uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Lá ele teria a atenção primária necessária para a resolução do seu problema. Já alguém classificado como faixa verde, amarela, laranja ou vermelha, seria encaminhado para a área determinada dentro da própria unidade, para prosseguir com o tratamento.

As etapas do acolhimento

O paciente, quando busca atendimento, é acolhido pelos colaboradores que seguem algumas etapas. Após realizar a abertura da ficha de atendimento, por meio da Guia de Atendimento de Emergência, o paciente é acolhido por um profissional treinado que realizará a escuta ativa qualificada, entendendo a queixa inicial. Esse paciente será então encaminhado para a classificação de risco.

A primeira avaliação tem como objetivo afastar o risco iminente de morte. A partir daí procura-se entender o motivo da procura da unidade. De posse dessa informação, o profissional da enfermagem deve identificar o fluxograma correspondente no protocolo da SES-DF e realizar a classificação de risco, avaliando ventilação do paciente, circulação sanguínea, sinais vitais e, em gestantes, avaliar a dor.

Para cada queixa há um fluxograma diferente. Por exemplo: o protocolo de classificação de risco para uma queixa de dor de cabeça ou tontura é diferente para uma queixa de falta de ar ou sintomas respiratórios. Dentro de cada um desses fluxogramas há questões diferentes que precisam ser identificadas para que seja possível estratificar o risco e inseri-lo no prontuário do paciente.

O tempo entre a abertura da ficha e a classificação de risco pela equipe de enfermagem deve ser de até 15 minutos, sendo que o tempo alvo ideal é de até 5 minutos. O próximo passo é a identificação com a colocação das pulseiras de classificação e o encaminhamento do paciente para a especialidade de atendimento apropriada.

Como funciona a classificação por cores?

Elaboramos um vídeo explicativo sobre a classificação de risco. Assista e saiba como funciona:

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CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM CORES:

I. Classificação Vermelho:

Atendimento nas salas de emergência, bloco de emergência, sala vermelha;

São pacientes com risco iminente de morte necessitando de atendimento médico imediato;

As medidas de manutenção da vida deverão ser iniciadas em qualquer ponto de atenção da rede;

Tempo de atendimento alvo: imediato.

II. Classificação Laranja:

Atendimento em consultório médico se houver condições e/ou sala de emergência, se necessário;

São pacientes com potencial risco de agravo necessitando de atendimento médico e assistência de enfermagem contínua;

As medidas de manutenção da vida deverão ser iniciadas em qualquer ponto de atenção da rede;

Tempo de atendimento alvo: 10 minutos

III. Classificação Amarelo:

São pacientes que necessitam de atendimento médico imediato, podendo ser atendidos nos consultórios médicos do pronto atendimento por ordem de chegada;

As medidas de promoção em saúde e prevenção de agravos deverão ser iniciadas em qualquer ponto de atenção da Rede;

Tempo de atendimento alvo: 60 minutos, exceto obstetrícia, tempo alvo 30 minutos.

IV. Classificação Verde:

Por definição, são pacientes sem risco de agravo e serão atendidos por ordem de chegada;

Necessidade de atendimento por profissional de saúde em até 48 horas, ou mediante agendamento na mesma semana em UBS de referência;

O Classificador deverá orientar quanto à carteira/relação de serviços disponibilizados pelas Unidades Básicas de Saúde;

Tempo de atendimento alvo: 06 horas nos casos de atendimento no Hospital ou UPA, exceto em obstetrícia tempo alvo 02 horas.

V. Classificação azul:

Necessidade de atendimento por profissional de saúde em até 48 horas, ou mediante agendamento na mesma semana em UBS de referência;

Serão referenciados para as UBS para atendimento ou agendamento, exceto em condições que demandem atendimento imediato em horários de não funcionamento da UBS;

Se gestante, caso não haja pactuação com a atenção primária e/ou a usuária se recusar a procurar o serviço de referência, deverá ser garantido o atendimento na maternidade;

Podem ser atendidos em consultórios do pronto atendimento por ordem de chegada;

O Classificador deverá orientar quanto à carteira/relação de serviços disponibilizados pelas Unidades Básicas de Saúde;

Tempo de atendimento alvo: 12 horas nos casos de atendimento no hospital ou UPA. Se gestante, atendimento não prioritário ou encaminhamento conforme pactuação.

Também há pulseiras em outras cores, como Rosa e Roxa, elas são utilizadas para situações em que o paciente tem alguma alergia ou risco de queda durante o atendimento.