A empresária Andressa Alves de Mendonça, mulher de Carlos Augusto Cachoeira, o Carlinhos Cachoeira – que está detido na Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal – foi denunciada ontem pelo Ministério Público à Justiça Federal de Goiás.

Segundo os procuradores Daniel Resende Salgado e Raphael Perissé, ela ofereceu vantagem ao juiz federal Alderico Rocha Santos para tentar libertar seu então noivo Cachoeira. Acusado de comandar um amplo esquema ilegal de jogos de azar que se estendeu a vários Estados, Cachoeira foi preso pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, deflagrada pela PF em fevereiro de 2012.

Na denúncia, Andressa foi acusada ainda de praticar violência e grave ameaça “com vontade livre e consciente” na conversa com o juiz Alderico, que a recebeu em 26 de julho, quatro meses após a operação da PF.

Nesse encontro, o juiz Alderico não chegou a determinar sua prisão em flagrante, segundo contou, por estar em dúvida, visto que não foi feita uma clara oferta em dinheiro. Ainda assim, ele comunicou o episódio à PF, para a qual o crime estava configurado. Disse que, em seu gabinete, ela insistiu em falar a sós dizendo que sabia de um dossiê a respeito dele. Exibiu um papel com vários nomes (que a PF periciou depois) – Luis Pires, Maranhense e Marcelo Miranda.

O Ministério Público fez a investigação e ofereceu a denúncia na segunda-feira passada. A decisão de abrir ação penal cabe agora à Justiça Federal.

Defesa. A atitude do juiz, de não prender Andressa Mendonça em flagrante, foi classificada pelo advogado dela, Ney Moura, como “indício de que não houve crime”. Ele sustenta que a cliente não ofereceu nenhuma vantagem ao magistrado – e já avisou que essa será sua tese de defesa, caso a denúncia venha a ser acatada.

O nome de Andressa Mendonça veio a público em fevereiro de 2012, quando a Operação Monte Carlo a apresentou como laranja do grupo de Cachoeira. Ela ficou conhecida pelas seguidas visitas que lhe fez na prisão. O casamento dos dois, no fim de dezembro, foi destaque em todo o País. Acusado de corrupção ativa e peculato, Cachoeira cumpre pena de 39 anos no Presídio da Papuda, em Brasília.

Fonte:Marília Assunção / Goiânia, especial para o Estado – O Estado de S.Paulo