Da Redação
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Uma licitação suspeita, repleta de irregularidades e, agora, com um novo agravante: Durval Barbosa, delator do esquema da Caixa de Pandora, pode continuar dando as cartas no governo Agnelo, por meio do presidente da Comissão Especial de Licitação da Secretaria Transportes, Galeano Furtado Monte. Diante de tantos indícios que apontam para supostas fraudes, com privilégios  a determinados empresários, as deputadas Celina Leão e Liliane Roriz, ambas do PSD, querem a CPI da Licitação de Transporte Coletivo.

Em matéria publicada na edição de ontem, o Jornal de Brasília revelou ainda partes do relatório do Ministério Público  que colocam o governo Agnelo Queiroz no centro de um furacão. De acordo com o documento, o secretário de Transporte do DF, que habilitou a empresa Piracicabana Ltda, incorreu em afronta às regras do edital, causando sério risco de formação de oligopólio no serviço público prestado.

A parlamentar Liliane Roriz (PSD) afirmou à reportagem que deve começar, agora, conversas com os demais partidos, inclusive aliados da base, para colher as oito assinaturas necessárias que darão início à CPI. “Não queremos fazer publicidade em cima dessa história pra lá de suspeita. Então, pretendemos sentar, conversar e ver com outros deputados a real possibilidade de abrirmos uma CPI. Uma investigação séria, com começo, meio e fim”, salientou a deputada.

Sem ação do governo, sem esclarecimentos e sem transparência, a população continua sem resposta a todas as dúvidas que pairam sobre  o processo de certame pelas cinco bacias milionárias. “Não sei se é o caso do governador, mas, se ele esteve diretamente ligado a Licitação, também deve ser convocad o à CPI. Por isso, só vamos protocolar na hora em que estivermos com as oito assinaturas garantidas. Talvez, seja a hora disso acontecer”, destacou Liliane Roriz.

Segundo a deputada Celina Leão, a intenção é  iniciar  esta semana a busca por apoio para instalar a CPI. “As irregularidades são muitas, tem muita coisa pesada por trás dos panos. Acho que ninguém mais tem coragem de não se posicionar diante desses fatos”. Eliana Pedrosa, também do PSD, deve participar das conversas, segundo as colegas.

Relação ainda mais longa

Quando confrontado com o nome de Galeno Furtado Montes, Durval Barbosa esquivou-se dizendo que o seu ex-chefe de gabinete teve uma passagem meteórica pelo cargo (menos de um ano) e que teria sido demitido por incompetência. Como o Jornal de Brasília mostrou em sua edição de domingo (9 de Junho), Galeno esteve na função como chefe de gabinete de Durval por “meteóricos” três anos, de 5 de janeiro de 1999 a 4 de abril de 2002.

Mas a relação é ainda mais longeva. Novos documentos aos quais o JBr teve acesso mostram que um dia depois de deixar a chefia de gabinete da Codeplan, Galeno foi nomeado chefe de Assessoria de Planejamento da Diretoria de Informática da empresa. Informática, aliás, que foi o setor onde Durval montou um rede com empresas como a Linknet e a TBA, envolvendo o pagamento de propinas em troca de vultuosos contratos com o GDF.

Além do setor de informática, a relação entre Durval e Galeno também pode ser vislumbrada no fato dos dois terem ocupado assentos como conselheiros do Sebrae-DF. Os processos 009.931/2004, relacionado ao exercício 2003, e 019.137/2008-6, com relação ao ano de 2007, ambos do Tribunal de Contas da União para apuração da prestação de contas do órgão, traz entre dezenas de nomes de consultores do Sebrae-DF a menção a Durval Barbosa e Galeno Furtado. Caberia a eles, com os outros conselheiros, acompanharem as contas do Sebrae-DF.

Os novos fatos mostram que, a despeito da declaração de Durval Barbosa sobre uma meteórica passagem de Galeno Furtado na chefia de gabinete da Codeplan, a vida profissional dos dois manteve-se próxima, quando não entrelaçada.

Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.b