Alunos do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) conquistaram o terceiro lugar na XI Mostra Científica promovida pela Diretoria Regional de Ensino – Sul, em conjunto com a direção da Penitenciária “ASP Joaquim Fonseca Lopes” de Parelheiros e a professora de biologia da Escola Estadual “Leda Guimarães Natal”. A ação contou com o apoio da Coordenadoria das Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (Coremetro) e da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).
Para o diretor geral da penitenciária, Cristian Júnior Zago da Silva, o projeto de biotecnologia proporcionou muito mais que o conhecimento didático ao custodiado Rafael Barbosa da Cruz, representando todas as pessoas privadas de liberdade. A ação trouxe reconhecimento público pelo seu engajamento na proposta ofertada. Com base nisso, o dirigente salientou que a ressocialização se alicerça no trabalho e na educação. “A mudança é uma porta que se abre por dentro”, frisou.
Detalhes da ação
O projeto de Biotecnologia foi um experimento realizado pelos alunos do Ensino Médio da escola vinculadora da Penitenciária de Parelheiros durante os anos de 2022 e 2023. Sob a orientação da professora de biologia, Cleide Maria de Oliveira Nogueira, a ação esteve voltada à agricultura.
A professora explica que durante as aulas teóricas de biologia foi reservado um tempo para os alunos praticarem o experimento. O projeto de Biotecnologia teve foco na criação de uma nova espécie de pimenta, resultante do cruzamento das espécies Dedo de Moça, Malagueta e Biquinho, essas últimas em floração.
Segundo Cleide, esse processo é chamado de polinização cruzada. O objetivo da ação com os alunos enfatizou os avanços das técnicas agrícolas e as possibilidades de melhoramento de plantio, cruzamentos e produção de híbridos como produto final.
Conquista
A cerimônia de premiação foi feita em 20 de outubro na sede da Diretoria Regional de Ensino – Sul e no dia 31 a equipe de docentes da escola vinculadora esteve na unidade prisional para fazer a entrega da premiação de participação na XI Mostra Científica aos reclusos participantes que, por cumprirem regime fechado, não estiveram presentes no evento externo.
Para o diretor da unidade escolar que atende a penitenciária, Walter Neves, levar o trabalho dos alunos além dos portões da unidade prisional foi algo desafiador. Segundo ele, o trabalho feito pela Escola “Leda Guimarães Natal” em conjunto com a penitenciária foi pioneiro dentro do Estado de São Paulo. “Estar na Mostra Científica com o trabalho dos alunos do sistema prisional foi um divisor de águas e é prova que qualquer mudança, para ser efetiva, passa pela educação”, destacou o dirigente escolar.
Igual sentimento tem a professora de biologia. Para Cleide, ver os trabalhos dos reclusos sendo premiado com o terceiro lugar dentro da Mostra é algo incomum porque foi a primeira vez que uma equipe de aluno do ensino direcionado às unidades prisionais do Estado tiveram a chance de participar. “Essa é a prova de que a educação tem o potencial transformador e ressocializador”, garantiu a professora.
Na opinião do reeducando Rafael, participar do experimento trouxe conhecimento na área de Biotecnologia, além da técnica de polinização cruzada. Segundo ele, o acesso à educação deu condições de gerar um fruto com características de duas espécies, algo novo para o aluno.
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