Foi lançada na última sexta-feira (26), no Boulevard do Parque da Ciência, no Instituto Butantan, em São Paulo, a segunda edição do Prêmio Ciência para Todos, uma iniciativa da FAPESP e da Fundação Roberto Marinho por meio do Canal Futura.
Durante o evento também foram anunciados os resultados da primeira chamada do Programa de Pesquisas em Educação Básica (PROEDUCA), implementado pela FAPESP em parceria com a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, e lançado o segundo edital da iniciativa (leia mais em: agencia.fapesp.br/41485/).
“Ao lado de suas ações permanentes de apoio à formação de recursos humanos qualificados para ciência e tecnologia e de apoio a projetos de pesquisa para o avanço do conhecimento, a FAPESP também desenvolve programas que visam solucionar os gargalos do desenvolvimento do Estado de São Paulo, que se incluem na categoria de políticas públicas e entre os quais está a educação. Por meio dessas duas estratégias [o Prêmio Ciência para Todos e o PROEDUCA] a FAPESP realiza a sua missão de usar a pesquisa e a divulgação da ciência em políticas públicas para a educação”, disse Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP.
O objetivo do Prêmio Ciência para Todos é incentivar o desenvolvimento de atividades científicas em escolas públicas e promover o engajamento de estudantes e da comunidade escolar com a ciência e suas aplicações na educação e na vida.
Nesta segunda edição, a premiação irá selecionar e destacar projetos de pesquisa, em qualquer área do conhecimento, que utilizem métodos da ciência para propor soluções de problemas concretos relacionados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU).
“O prêmio busca estimular os jovens a aprender o valor da ciência para resolver os problemas da sociedade. É uma maneira de formar cidadãos para que entendam que a ciência não é só coisa de cientista, mas faz parte da vida diária, e que aprendam a aplicar o método científico”, sublinhou Zago.
Poderão se inscrever ao prêmio, até 26 de junho, professores das escolas públicas e estudantes matriculados na rede pública do Estado de São Paulo que se enquadrem em uma das cinco categorias: anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) do ensino regular; ensino médio (da 1ª à 3ª série) do ensino regular; ciclo anos finais ensino fundamental da Educação de Jovens e Adultos (EJA); ciclo do ensino médio da Educação de Jovens e Adultos (EJA); e ensino médio (da 1ª à 3ª série) técnico e profissionalizante.
Todos os inscritos – professores e estudantes – participarão de jornadas formativas em ambiente digital do Canal Futura da Fundação Roberto Marinho, com orientações sobre o desenvolvimento de projetos de pesquisa e produção audiovisual, pelas quais receberão certificação.
“Essa iniciativa tem o objetivo de promover o engajamento da comunidade escolar para que se sintam capazes de produzir conhecimento e conduzir investigações com base no método científico para produzir transformação na sala de aula, na escola e em suas comunidades”, disse João Alegria, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho.
Os projetos de pesquisa deverão identificar um problema concreto na comunidade, formular hipóteses, revisar a literatura e apresentar propostas de intervenção, antes de apresentar soluções, informar seus resultados e conclusões em formato de vídeo. A participação no prêmio inclui a entrega do projeto de pesquisa escrito, do relatório da pesquisa e do registro audiovisual em diferentes datas, sendo a última etapa até 30 de setembro.
A avaliação dos projetos submetidos será realizada em três etapas. Na etapa 1, após a jornada formativa, serão selecionados 100 projetos. Na etapa 2 serão selecionados os dois finalistas de cada categoria e, na etapa 3, serão selecionados os cinco premiados de 2023, sendo um para cada categoria. A cerimônia de premiação será no dia 25 de outubro, em local a ser definido.
Os professores e estudantes premiados em cada uma das categorias terão a oportunidade de visitar um centro de pesquisa apoiado pela FAPESP (inclui transporte, alimentação, mediação pedagógica e kit brinde com bolsa, camisetas e caderno). Os professores das equipes premiadas receberão também um notebook.
Todos os vídeos produzidos pelas equipes premiadas serão exibidos futuramente no YouTube e nas redes sociais do Canal Futura.
“É preciso investir em ciência, mostrar que vocês, jovens, podem e têm as portas abertas. Essa parceria entre as secretarias estadual e municipal de Educação junto com a FAPESP e a Fundação Roberto Marinho representa uma oportunidade maravilhosa para aprender e estudar ciência”, disse Renato Feder, secretário estadual de Educação de São Paulo, se dirigindo a uma plateia de estudantes e professores convidados da rede pública de ensino do Estado de São Paulo. Entre os estudantes, participantes do projeto Imprensa Jovem, que fazem produção jornalística multimídia e ampliam os canais de comunicação das escolas com as suas comunidades.
“Além do negacionismo na ciência, é preciso combater o negacionismo na educação. É necessário olhar para a ciência e verificar como é que podemos garantir o direito à educação de crianças, jovens e adultos com equidade”, disse Fernando Padula Novaes, secretário municipal de Educação de São Paulo.
A mestre de cerimônia foi a influencer e cientista Kananda Eller. Sua página no Instagram @deusacientista fala de ciência de uma forma inteligente, atraente e criativa.
“Produzindo conhecimento podemos mudar muito a nossa realidade, principalmente a da nossa comunidade. Por isso, nunca desconfie da capacidade de vocês de transformar o mundo”, disse Eller aos estudantes.
Experiências transformadoras
Durante o evento foi promovida uma roda de conversa na qual foram apresentados detalhes do prêmio. Os vencedores da 1ª edição, o estudante Guilherme Teixeira e seu orientador, professor Henrique Pereira, contaram suas experiências de participação na primeira edição do prêmio.
“Ao desenvolver o projeto com os estudantes e participar do prêmio comecei a perceber o impacto da minha atuação e da metodologia científica na vida dos meus alunos”, disse Pereira.
“A experiência de desenvolver o projeto permitiu potencializar o que o aluno vê em sala de aula, aplicando o conhecimento na prática, e reconhecer que isso pode fazer diferença na vida dele. Desenvolver esse tipo de trabalho na escola incentiva ele a pensar diferente e que pode buscar soluções para resolver um problema”, avaliou.
Para o estudante Guilherme Teixeira um dos maiores ganhos com o prêmio foi servir de inspiração para outros estudantes de sua escola aprenderem e fazerem ciência.
“Foi muito importante servir de inspiração para outras pessoas fazerem o que fizemos: desenvolver um projeto e buscar conhecimento baseado em metodologia científica. É uma semente que deixamos e que traz frutos o tempo todo, porque a ciência precisa ser desenvolvida por nós”, afirmou.
A cerimônia foi encerrada com a apresentação do MC Fioti, que, durante a pandemia, remixou uma de suas músicas para incentivar a vacinação contra a COVID-19. O rapper contou um pouco sobre o processo de criação, que mesclou o refrão “Bum Bum Tam Tam” com o nome do próprio Instituto Butantan, fabricante da primeira vacina contra a doença produzida no Brasil.
Logo após o evento, professores e estudantes convidados fizeram uma visita mediada ao recém-inaugurado Museu da Vacina, ali mesmo no Parque da Ciência.
Também participaram da cerimônia o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, Vahan Agopyan; o diretor do Instituto Butantan, Esper Kállas; o diretor científico da FAPESP, Márcio de Castro Silva Filho; o presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da FAPESP, Carlos Américo Pacheco, além de dirigentes de universidades, instituições de pesquisa e secretarias municipais de Educação do Estado de São Paulo.
As inscrições para a segunda edição do prêmio Ciência para Todos devem ser feitas até 26 de junho pelo site: www.futura.org.br/cienciaparatodos/.
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