Mulheres vítimas de violência em Itajaí têm agora um local para acolhimento e recomeço da vida: a Casa das Anas. O projeto social da ONG Vidas Recicladas foi inaugurado nesta quarta-feira (19) em evento na Praia Brava. A casa é um abrigo provisório e terá parceria com o Município de Itajaí, disponibilizando 10 vagas para mulheres e crianças da cidade.
A Casa das Anas de Itajaí é a terceira do país. O local tem capacidade para receber até 20 pessoas e contará com uma equipe de 10 colaboradores, entre cuidadoras, psicóloga, assistente social, cozinheira, coordenadora e motorista. O abrigo, que não terá o endereço divulgado para garantir proteção às vítimas atendidas, é uma alternativa para que as mulheres deixem o ciclo de violência e possam se restabelecer.
A partir segunda-feira (24) a casa vai receber sete pessoas de Itajaí. Uma delas é uma mulher de 39 anos que veio para o município para morar com o companheiro, que conheceu pela internet. Ela foi acolhida em fevereiro deste ano na Casa das Anas de Balneário Camboriú com os dois filhos pequenos após ser vítima de violência doméstica.
“Uma semana depois de vir morar com ele, começou a me agredir. Tentou me enforcar, me bateu no rosto, ficava me atormentando a madrugada toda. Depois que me agredia beijava meus pés, pedia perdão e falava que não lembrava o que tinha feito”, relata a vítima.
Apesar de registrar boletim de ocorrência acabava voltando para o companheiro, que ameaçava tirar seus filhos, entre outras violências psicológicas. Essa situação durou cerca de seis meses até ela conseguir ajuda do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) de Itajaí, que a encaminhou para a Casa das Anas.
“A casa é uma benção, as meninas são maravilhosas e cuidam da gente muito bem. Quero retomar minha vida na cidade, trabalhar e viver aqui”, conta.
Empoderamento
Na Casa das Anas, além de apoio psicológico e de assistente social, as mulheres recebem acompanhamento jurídico, participam de oficinas e de cursos para retornar ao mercado de trabalho. O encaminhamento é feito pelo CREAS após o registro do boletim de ocorrência contra o agressor.
“Não é apenas uma casa que fornece alimento e apoio, o objetivo é empoderar essas mulheres para que se sintam seguras e capacitadas para voltar ao convívio em sociedade”, afirma a coordenadora da Casa das Anas em Itajaí, Ana Felicidade.
Durante o evento de inauguração do abrigo, a primeira dama do Município, Nausicaa da Silva Morastoni, destacou a importância do trabalho da ONG para ajudar as mulheres a superar os desafios causados pela violência. “O ideal é que a sociedade fosse equilibrada, com respeito e igualdade, para que as mulheres não tenham que apelar para casas de apoio”, enfatiza.
A secretaria da Assistência Social de Itajaí, Neusa Maria Vieira Geraldi, comentou que a inauguração é um avanço nas políticas públicas do município. De acordo com ela, Itajaí tem números altos de violência contra mulher – foram mais de três mil boletins de ocorrência registrados em 2017 e 2018 e quase 800 medidas protetivas expedidas.
“A Casa das Anas vai garantir o direito das mulheres de viver livre de qualquer tipo de violência. Hoje temos 10 vagas, mas se houver necessidade vamos comprar mais”, pontuou a secretária.