Como bailarinas voadoras que pousam de flor em flor, as borboletas parecem capturar o olhar quando passam à nossa volta. Sinal de boa sorte para muitos: há quem não dispense a oportunidade de fechar os olhos e fazer um pedido sempre que uma pequenina aparece.

Mas o que você faz quando uma mariposa cruza o seu caminho? Diferentemente da sua “prima distante”, que flutua levemente durante o dia, muitos veem esse inseto voador como um sinal de mau agouro e até de teimosia, uma vez que é capaz de travar longas batalhas com as lâmpadas elétricas acesas durante a noite. A verdade é que tudo não passa de ilusão.

“Tanto as borboletas como as mariposas são muito importantes para o equilíbrio da natureza por serem polinizadoras”, conta a bióloga e técnica no Laboratório de Coleções Zoológicas do Butantan, Natália Batista Khatourian. Isso significa que, ao se alimentar do néctar das flores, tanto uma como a outra carregam grãozinhos de pólen por aí, e quando esse tipo de “pó mágico” cai sobre outras flores acaba formando frutos – afinal, dentro do pólen há sempre uma semente, o que garante a reprodução de muitas das plantas existentes no planeta.

Assim como parentes distantes que compartilham o mesmo sobrenome, borboletas e mariposas são chamadas de lepidópteros. O nome indica aqueles insetos que têm o corpo dividido entre cabeça, tórax e abdômen, possuem um par de antenas, olhos compostos, aparelho bucal sugador e dois pares de asas membranosas compostas por escamas.

Além disso, têm seu ciclo de vida dividido em quatro etapas: ovo, larva ou lagarta, pupa ou crisálida e adulta. Estima-se que existam mais de 500 mil espécies de lepidópteros no mundo todo! No Brasil, mais de 25 mil já foram classificadas e ainda há outras 60 mil para serem descobertas.

Nem tudo são semelhanças

Uma das diferenças entre mariposas e borboletas aparece logo no estágio pré-metamorfose, quando a lagarta fica toda enroladinha até virar um ser adulto. “Em algumas espécies de mariposas, a pupa fica protegida por um casulo que se fixa em uma folha ou até mesmo no chão. Já as borboletas não têm essa proteção, elas se envolvem na própria seda e ficam penduradas por um fiozinho. Nesta etapa, elas são chamadas de crisálida”, explica Natália.

Mas é quando essa espécie de pacotinho se abre e a mariposa ou borboleta estica as asas que as diferenças entre os dois insetos se tornam mais evidentes – mesmo que, em muitos casos, seja preciso olhar de pertinho. Enquanto as borboletas gostam de voar durante o dia, o negócio das mariposas é bater perna – ou melhor, asas – à noite. O hábito influencia na coloração de cada uma. É por isso que as primeiras tendem a ser coloridas e as outras mais escuras.

Também é pensando em se “disfarçar” melhor na natureza que as borboletas pousam com as asas levantadas e fechadas na vertical, enquanto as mariposas param com o seu par de asas aberto na horizontal ou sobre o abdômen. “Assim elas se camuflam e enganam seus predadores. É fácil ver uma mariposa quando ela pousa em uma parede branca, mas no tronco de uma árvore é muito difícil”, brinca a bióloga.

Enquanto as borboletas têm abdômen afinado e antenas que lembram as pontas da haste de um óculos (clavadas), as mariposas possuem corpo mais avantajado e dois tipos de antenas: finas como um fio (filiforme), no caso das fêmeas, e plumosas, quando são machos. Já o aparelho bucal das duas é formado por uma espirotromba. O órgão lembra uma língua de sogra, que se desenrola para sugar o néctar das flores e dos frutos.

“Algumas mariposas têm esse aparelho bucal atrofiado e não se alimentam na fase adulta. Portanto, elas comem ferozmente quando lagartas para reter toda a energia necessária para passarem pela metamorfose”, afirma Natália. Depois disso, elas vivem pouco, entre sete e dez dias. O ciclo de vida completo das mariposas e borboletas é curto em relação aos outros animais, podendo durar de um a seis meses, dependendo da espécie.

pesar de existirem algumas mariposas capazes de provocar coceira e alergia quando lagarta ou adulta, como a Hylesia, no geral os lepidópteros são inofensivos para nós, humanos, mas muito importantes para a manutenção da vida na Terra. Então, nada de tentar espantá-los com uma vassoura ou coisa parecida! No máximo, abra a janela e apague a luz do ambiente. E, no caso das mariposas, que tal também fazer um pedido da próxima vez que encontrar uma voando ou paradinha por aí?

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Fonte: Governo do Estado de São Paulo