O setor supermercadista registrou um crescimento de 4% em julho na comparação com o mesmo mês de 2024, segundo novo levantamento produzido pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). Em relação a junho, a alta foi de 2,41%, enquanto no acumulado do ano o indicador apresenta avanço de 2,66%. Para Leandro Rosadas, especialista em gestão de supermercados, o cenário positivo foi, principalmente, impulsionado pelas cestas perecíveis, mercearia e mercearia básica.
“Os consumidores brasileiros estão fazendo mudanças nas suas preferências de compras. Hoje, as listas de itens estão mais consistentes, movimento impulsionado não só pelo aumento da renda entre as famílias, mas também por um setor que vem tentando se adaptar aos desafios que vem surgindo nos últimos meses”, explica o especialista.
Os dados, que foram deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contemplam todos os formatos de supermercados. Já o Abrasmercado, indicador que mede a variação de preços de 35 produtos de vasto consumo, registrou uma retração de 0,78% em julho, marcando a segunda queda consecutiva após o recuo de 0,43% em junho. Com isso, o valor médio da cesta passou de R$ 819,81 para R$ 813,44.
“A chegada do segundo semestre traz sinais de que o varejo alimentar terá um cenário mais positivo, após cerca de dois meses desafiadores, onde houve uma queda no consumo. O movimento pode refletir uma visão mais positiva dos consumidores após avaliarem que o setor se manterá ativo mesmo após os acontecimentos recentes”, diz Leandro.
O especialista em gestão de supermercados relembra a comoção ocorrida pelo tarifaço feito por Donald Trump, presidente dos EUA. Isso porque o americano decidiu aplicar uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, como carne, frutas e café, o que gerou uma preocupação em relação à economia nacional e o seu impacto nas prateleiras.
Segundo Leandro, outro dado relevante e que corrobora para o crescimento do varejo alimentar está relacionado à renda dos brasileiros. Isso porque no trimestre encerrado em junho deste ano, a taxa de desemprego caiu para 5,8%. Esse foi o menor nível desde 2012. Já o rendimento real habitual dos brasileiros teve alta de 3,3% em relação ao mesmo período do ano passado, indo para R$ 3.477.
“A restituição do imposto de renda também pode ter um papel importante nesse movimento, já que houve uma liberação recorde em 2025, com o pagamento de mais de R$10 bilhões. Muitos brasileiros podem ter aproveitado esse valor extra para realizarem compras maiores e com itens mais caros entre junho e julho”, finaliza o especialista em gestão de supermercados.
Sobre Leandro Rosadas (@leandrorosadas): 

Leandro Rosadas é economista, escritor e especialista em gestão de supermercados, hortifrutis, atacarejos, padarias e açougues. Formado em economia pela UFRRJ, o carioca já atuou como professor universitário e consultor no mercado de varejo. Hoje, Rosadas é considerado uma das maiores referências entre os especialistas do seu segmento, sendo responsável pela formação em gestão de mais de 11 mil proprietários de supermercados Brasil afora. O especialista também é autor de 11 livros, entre eles “Luuuucro” e “Dobre o lucro do seu supermercado”.