Com a presença de hip-hoppers de todas as regiões do país, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, abriu, nesta sexta-feira (29) o I Seminário Internacional Construção Nacional Hip-Hop, em Brasília. O evento faz parte das ações em alusão ao Mês da Consciência Negra e amplia a discussão sobre a potência desse movimento na formação de identidades culturais e na luta por direitos, especialmente nas periferias. A programação segue até sábado (30), no Edifício da Petrobras, com debates e apresentações culturais.

Em seu discurso, Margareth Menezes destacou os esforços para a reconstrução do Ministério da Cultura (MinC) e das políticas culturais, como a publicação de editais, a nacionalização do fomento e a criação dos Comitês de Cultura. “Estamos buscando fazer as entregas da melhor forma possível porque é o mínimo que pode ser feito por um setor tão forte e que gera tanta colaboração para o Brasil, como é o setor cultural”, afirmou a ministra.

Segundo a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, Márcia Rollemberg, o MinC tem o compromisso de estar ao lado e caminhar junto com o movimento. “É um seminário construído a várias mãos, que pensa no que a gente já fez, no que a gente ainda pode fazer e quais são os resultados, estratégias e como a gente adensa as políticas públicas”. A secretária parabenizou a cultura Hip-Hop, que há 50 anos resiste, se articula e busca ter voz política para construir uma sociedade diferente.

“A gente finaliza esse Mês da Consciência Negra com esse encontro poderoso, onde vozes outrora silenciadas ecoam a força dessa ancestralidade, clamam por transformações, reivindicam direitos, pavimentam novos caminhos, quebram concretos, nascem da diversidade para a construção de presentes e de futuros mais justos e inclusivos. O Hip-Hop é uma cultura viva que salva vidas, nos salva, salva o Brasil”, acrescentou Márcia Rollemberg.

Foto: Filipe Araújo/ MinC

Avanços

O seminário faz parte das ações do Ministério da Cultura para valorização do Hip-Hop, como o Edital de Premiação que tem um investimento histórico de R$ 6 milhões e abrange 325 iniciativas culturais. Até o momento, já foram efetivados os pagamentos a 236 premiados, totalizando 73% do edital. A última Ordem Bancária foi emitida no dia 27 de novembro. A expectativa do MinC é concluir 100% das premiações até o final deste ano.

Outra conquista foi o Decreto nº 11.784/2023, o qual reconhece os cinco elementos fundamentais dessa cultura e tem como objetivo ampliar o acesso aos meios de fazer cultura, recursos, formação, trabalho e renda para os artistas e coletivos.

Neste cenário de debates sobre avanços e desafios, Rafa Rafuagi, integrante do Movimento Construção Nacional Hip-Hop, reforçou a importância da união de todos os atores dessa cultura. “Momentos como esse servem para humanizar a relação, e quando se humaniza a relação se constrói uma política potente cultural no Brasil. O Hip-Hop pode provar para todos os outros movimentos, que infelizmente não conseguiram 10% do que nós conseguimos, que é possível a cultura ter um papel transformador dentro do Brasil. E que a gente saia daqui hoje com essa consciência de unidade”, finalizou.

A cerimônia de abertura contou ainda com a participação da professora Elen de Souza, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); da representante da Petrobras, Vânia Mota; da assessora especial da Presidência dos Correios, Vilma Reis, e do deputado distrital Max Maciel.

Debates

O primeiro dia do evento foi marcado pela realização de duas mesas. Uma delas trouxe o tema “Inovação e Sustentabilidade na Cultura Hip-Hop como Economia Criativa”, com a mediação da diretora de Promoção da Diversidade Cultural do MinC, Karina Gama.

“Esse seminário é um muito importante porque a gente pode trocar, dialogar e ter uma escuta ativa e sensível com lideranças do movimento, atores, gestores e agentes culturais. Essa troca é muito importante quando se fala de um governo de participação social. Então, a gente precisa muito estar junto, firme e forte nessa luta”, defendeu a diretora.

O painel proporcionou uma análise sobre o papel do Hip-Hop como gerador de oportunidades de emprego e renda nas periferias. Entre as iniciativas apresentadas esteve a realização de um festival na cidade de Uberlândia (MG). Andrea Felix, do Elemento MC/Conhecimento, explicou que esse evento vem crescendo ao longo dos anos na cidade mineira, demonstrando a potência do movimento.

“A gente viu o quanto a nossa cultura é importante e promissora enquanto economia criativa. Começamos com 10 inscrições, hoje temos mais de duas mil de todo o país e R$ 500 mil em captação de recursos. Não sei descrever a felicidade de ver aquela praça cheia de pessoas que vão mergulhar na cultura Hip-Hop, na poesia, nas batalhas, na dança, no grafitti, nas rodas de conversa”, relatou.

Foi um espaço para a escuta de experiências de quem vive essa cultura fora do país, como uma forma de fortalecer redes, promover intercâmbios culturais e conectar iniciativas que impulsionam o desenvolvimento da economia criativa.

“É uma honra estar neste lugar. Eu vim de uma comunidade onde, quando você fala Hip-Hop, para a galera mais velha você tá falando sobre crime, bandidagem e delinquência. Então, estar num espaço como esse, onde a gente consegue debater e trocar conhecimento sobre Hip-Hop, para mim é muito bom e vantajoso”, contou o MC Jailson Correia Cardoso, representante da Guiné-Bissau.

O painel contou ainda com as contribuições do empreendedor cultural do Hip-Hop da Colômbia, Yo Banoty, e dos hip-hoppers brasileiros Ana Cristina, do Elemento MC/Conhecimento do Ceará e do MC CDJ, de Goiânia, e de Douglas Nunes, representante da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.

Já a mesa “Retratos do Brasil Hip-Hop: narrativas regionais e potência construtiva” reuniu representantes do Movimento Construção Nacional Hip-Hop. Eles tiveram a oportunidade de falar sobre o impacto dessa iniciativa no desenvolvimento regional e as conexões com os 26 estados e o DF. O grupo Atitude Feminina encerrou a programação desta sexta-feira, com um show gratuito e aberto ao público.

Foto: Filipe Araújo/ MinC
Foto: Filipe Araújo/ MinC

Realização

O seminário é realizado pelo Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural, o movimento Construção Nacional da Cultura Hip-Hop e a Universidade Federal de São Paulo. Conta com o patrocínio dos Correios e do governo federal, com o apoio do Ministério da Igualdade Racial, da Secretaria de Relações Institucionais, da Fundação Nacional de Artes (Funarte), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da Fundação Cultural Palmares e da Petrobras.

Programação

No sábado, o evento continua, a partir das 9h, com as seguintes discussões:

9h – Mesa: Mesa Mulherismo AfriKana, Política Pública para homens negros e o Hip-Hop
11h – Mesa: Políticas Públicas para o Hip-Hop e o papel do Ministério da Cultura
14h – Mesa: Políticas Públicas e Cultura de Base Comunitária – Ferramenta de Transformação Social
16h – Mesa: A Cultura Hip-Hop como patrimônio imaterial – Da Diáspora ao Gueto
19h30 – Encerramento e programação cultural: Show Viela 17

Serviço

I Seminário Internacional Construção Nacional Hip-Hop
Data: 29 e 30 de novembro
Horário: das 9h30 às 18h30
Local: Auditório do Edifício Petrobras – SAUN Q 1 BL D – Asa Norte, Brasília – DF

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Fonte: Ministério da Cultura