A pesquisa Cultura nas Capitais, conduzida por JLeiva Cultura & Esporte com patrocínio do Itaú e do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Rouanet, e realização do Ministério da Cultura (MinC), mostrou que entre os hábitos de consumo cultural, os livros, jogos eletrônicos e cinema figuram entre os mais escolhidos pelos brasileiros. Um total de 62% dos entrevistados disseram ter lido livros nos últimos 12 meses, seguido de 51% tendo acessado jogos eletrônicos e 48% ido ao cinema. Já as atividades menos consumidas são concertos, com 71% de pessoas que nunca foram; sarau, com 66%; e feiras de livro com 44%.

O estudo foi divulgado nesta quarta-feira (26) no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O levantamento entrevistou 19,5 mil pessoas com mais de 16 anos nas 26 capitais estaduais e no Distrito Federal, entre fevereiro e maio de 2024. Foram 14 atividades analisadas (livros, jogos eletrônicos, cinema, locais históricos, shows de música, festas populares, museus, bibliotecas, teatro, dança, feiras do livro, circo, saraus, concertos).

Durante o encontro, que reuniu representantes do MinC e das empresas parceiras, a subsecretária de Gestão Estratégica do MinC, Letícia Schwarz, destacou a relevância da pesquisa para a formulação de políticas públicas mais inclusivas.

“Essa pesquisa é fundamental para os gestores públicos de cultura, tanto federais, como os gestores locais desenharem suas políticas e aprofundarem suas pesquisas para alcançar o propósito do que chamamos de direito à cultura: acessar repertórios culturais diversos e praticar cultura. A pesquisa revela que ter o contato com a prática cultural favorece a fruição também, enfatizando a importância da formação e do contato com as linguagens artísticas no ambiente escolar”. E completa: “ela aponta que no pós-pandemia, estamos recuperando pouco a pouco nossa capacidade de existir no coletivo que a cultura significa. Por fim, revela caminhos para complementariedades e correção de rumos e para as políticas culturais. E, ainda, está perfeitamente em sintonia com a retomada das pesquisas por parte do MinC em tempos de reconstrução ao Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais”.

Destaques regionais

O levantamento apontou diferenças significativas no acesso a atividades culturais entre as capitais brasileiras. As cidades do Sul do país lideram em diversos indicadores. Porto Alegre lidera a leitura de livros (72%), enquanto Florianópolis se destaca na frequência a museus (37%) e shows de música (56%). O Rio de Janeiro aparece no topo do ranking (57%) para cinema e teatro (32%), já Manaus lidera a participação em dança (32%).

Já em eventos, Florianópolis também está no topo no recorte das ações populares (46%), enquanto Teresina tem a maior frequência em circos (23%). Vitória, por sua vez, aparece em destaque na visita a bibliotecas (35%) e concertos (14%). As feiras do livro são mais populares em Porto Alegre (39%), e Curitiba e Porto Alegre lideram nos jogos eletrônicos (57% cada).

Disparidade racial no acesso às atividades culturais

Segundo os dados coletados, pessoas brancas lideram o acesso em sete das 14 atividades analisadas. No entanto, a pesquisa também indicou que o interesse por atividades culturais é maior entre as pessoas pretas, especialmente por shows, festas populares, museus, teatro e dança.

Outro ponto relevante é que as pessoas pretas praticam mais atividades como dança e capoeira, enquanto o público indígena apresenta um menor intervalo entre aqueles que já praticaram alguma atividade e os que continuam praticando.

Diferenças de gênero no acesso à cultura

A pesquisa também revelou diferenças significativas no acesso a atividades culturais entre homens e mulheres. No que diz respeito à leitura, as mulheres demonstram maior engajamento: 65% afirmaram ter lido pelo menos um livro no ano anterior à pesquisa, em comparação com 59% dos homens. Já no universo dos games, a situação se inverte, com 54% dos homens jogando jogos eletrônicos, contra 49% das mulheres. A pesquisa também identificou um maior acesso masculino a locais históricos (47% dos homens contra 44% das mulheres).

A predominância de homens e mulheres de até 34 anos na participação em atividades culturais também é relevante. No entanto, entre 25 e 44 anos, faixa etária em que muitas mulheres têm filhos pequenos, conforme pesquisa, o acesso feminino a eventos culturais sofre uma queda mais acentuada do que o masculino.

A chegada dos filhos também impacta no acesso a atividades culturais de homens e mulheres, mas de forma desigual. O levantamento analisou a participação em eventos e espaços culturais entre pessoas que têm ou não crianças de até 12 anos, mostrando que, na maioria dos casos, a queda na frequência é mais acentuada para as mulheres.

Os dados apontam que, em locais históricos, por exemplo, entre aqueles que não têm filhos, a diferença de acesso entre homens e mulheres é de apenas um ponto percentual a favor dos homens. No entanto, entre os que têm filhos pequenos, essa diferença aumenta para seis pontos percentuais, refletindo o impacto da maternidade na participação cultural feminina. O levantamento indica que, sempre que há uma diferença de acesso entre os gêneros, ela tende a se ampliar no grupo de pessoas com filhos, quase sempre em desfavor das mulheres.

Outro dado relevante é que o circo é a única atividade cultural que registra maior participação de homens e mulheres com filhos pequenos em relação aos que não têm filhos.

Sistema MinC

Foto: Ascom MinC

Na tarde de terça-feira (25), o Ministério da Cultura (MinC) reuniu representantes do Sistema MinC para analisar os resultados do estudo com o objetivo de traçar um panorama detalhado do consumo cultural no país, evidenciando avanços, desigualdades e oportunidades para o setor.

Para o secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares, é fundamental a utilização dos dados para formulação de políticas públicas.

“A boa política pública não se baseia no voluntarismo, mas em dados concretos que orientam suas ações e decisões. A garantia de continuidade dessas políticas é essencial, e estamos agora trabalhando para consolidá-las de forma estruturada e eficaz”, afirmou.

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Fonte: Ministério da Cultura