Foi entre ritmos, cores e diferentes sotaques que os participantes do I Encontro Regional de Agentes Territoriais de Cultura do Centro-Oeste encerraram a jornada de três dias de atividades, nesta sexta (27). O dia começou com uma visita ao ponto de cultura Batucagê, na Serrinha – bairro localizado a cerca de 9 km do centro de Goiânia (GO). 

Conduzida pelo Mestre Goyano, a vivência levou aos agentes ensinamentos sobre a cultura do samba de roda e das sambadeiras – que além de expressão cultural são ferramentas de resistência que fortalecem a tradição da população negra e valorizam a cultura popular.

“Através do conhecimento do samba de roda, dos seus processos, origem e papel na ancestralidade, a gente desenvolve aqui o sentimento de pertencimento, pois só assim a gente consegue acessar o que se busca junto ao público com a conscientização das pessoas por meio da cultura”, explicou o Mestre.

A atividade marejou os olhos da agente territorial Vitória Alves dos Santos, que atua na área de preservação do patrimônio arquitetônico e cultural nas cidades de Caldas Novas e Morrinhos, em Goiás. “Eu até me emocionei aqui porque é algo incrível a gente ver esses grupos cultuando os ancestrais. E a gente sabe que o candomblé e a umbanda, que estão também na base de tudo isso, ainda são muito injustiçados, por isso essa vivência traz um aprendizado fundamental, que agrega valor ao nosso repertório”, declarou.

Cris Benites Guarani, bolsista da aldeia de Dourados (MS),  também destacou a importância de conhecer de perto diversas expressões culturais. “Estou sentindo isto aqui como uma vivência única, especialmente para ter acesso a outras formas de fazer cultura. Isso vai contribuir muito com o nosso coletivo. Desde o dia em que cheguei em Goiânia para o evento já estou diferente. Aqui é uma troca: a gente traz um conhecimento e leva outro”, afirmou. 

Fortalecimento do programa

Ao longo da tarde, os agentes participaram de uma grande roda de conversa para compartilhar um pouco da experiência de atuação em cada território. Em meio a palavras de agradecimento por se sentirem valorizados como trabalhadores da cultura, sugestões para aprimorar o Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC). Houve também espaço para tirar dúvidas junto aos dirigentes do Ministério da Cultura (MinC) e dos tutores e coordenadores que acompanham os bolsistas no programa de formação conduzido pelo Instituto Federal de Goiás (IFG). 

Secretária Roberta Martins em encerramento do Encontro. Foto: Katú Leão

“A gente defende esse programa, essa estrutura e essa lógica, que é valorizar agentes territoriais que atuam pelo direito à cultura – como a saúde fez, como a assistência social fez, como a economia solidária está fazendo. A gente acredita que é uma alternativa de estruturação na base, nos territórios. Então, esse é só o início, vocês fazem parte desse início e a gente está muito feliz com isso”, declarou a secretária de Articulação Federativa e Comitês de Cultura do MinC, Roberta Martins, durante a fala de encerramento do encontro.

A diretora substituta de Articulação e Governança do MinC, Mirela Araújo, responsável pela coordenação do Programa, também agradeceu o engajamento dos bolsistas nas atividades. 

“Essa vivência que a gente realizou aqui coloca diversidade, gestão, ancestralidade e conhecimentos tradicionais no centro dos nossos debates, e é isso que os agentes territoriais de cultura vêm aprendendo – não apenas nestes três dias de evento, mas ao longo de todo o processo de formação pelo qual vêm passando”, declarou. 

O dia acabou com uma apresentação das agentes territoriais em atuação no Distrito Federal, que mostraram um pouco do que realizam nas regiões onde atuam e promoveram um samba de roda que marcou a confraternização final dos bolsistas.

O projeto

Criado em 2024, o projeto é uma política pública que beneficia diretamente 601 agentes territoriais de cultura distribuídos pelo país, que atuam como bolsistas e têm o compromisso de dedicar 20 horas semanais a atividades do Programa Nacional dos Comitês de Cultura. Uma parceria entre o MinC e os Institutos Federais de Goiás (IFG), do Pará (IFPA), do Rio Grande do Norte (IFRN), do Rio de Janeiro (IFRJ) e do Rio Grande do Sul (IFSul), o programa oferece apoio técnico e metodológico para que os agentes selecionados executem as atividades.  

A iniciativa faz parte da retomada dos investimentos do Estado brasileiro na cultura do país para fortalecer o setor e nacionalizar o acesso às políticas públicas culturais. Encontros regionais estão sendo realizados pelo Ministério da Cultura, em parceria com os IFs, para proporcionar encontros presenciais entre os agentes e oficinas de formação. Além do Centro-Oeste, agentes territoriais das regiões Norte e Nordeste também já participaram da vivência.



Fonte: Ministério da Cultura