Atividade paralela ao G20 Social, o Painel Olhares sobre o Programa Rotas Negras e o Projeto Cais do Valongo, Tombamento do Patrimônio Afro-brasileiro reuniu três ministras na tarde deste sábado (15) no Rio de Janeiro. Margareth Menezes, da Cultura; Anielle Franco, da Igualdade Racial; e Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos e Cidadania, foram convidadas a refletir sobre o papel transformador do afrofuturismo e a preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro.

A mesa, realizada no Museu da História e da Cultura Afro-brasileira (Muhcab), no Rio de Janeiro, contou com forte participação da sociedade civil e representação de movimentos negros e sociais – cerne do G20 Social.

“A sociedade precisa ser ouvida para que as políticas sejam mais assertivas na realidade do povo”, afirmou a titular da Cultura. Margareth Menezes reforçou ainda que a economia criativa no Brasil tem massiva participação da população negra e ouvi-la é fundamental. Segundo ela, o G20 se mostrou um espaço adequado e necessário para esse tipo de manifestação. “É a união de forças, é a união de intenção, é a união e possibilidade de materialização de direções e metas”.

A ministra Anielle Franco destacou a importância da transversalidade. “Fazer história sozinha é impossível. Eu sou da coletividade, sou atleta desde os oito anos de idade. Sempre joguei junto. Pensar transversalidade é pensar isso aqui, eventos como esse, pensar como a gente consegue fomentar cada vez mais geração de emprego e renda dentro do afroturismo”, citou, entre outros exemplos.

Turismo e pertencimento

Antônio Pita é fundador da Diáspora.Black. Ele explicou que a iniciativa, criada há oito anos, tem o objetivo de criar memorias, de maneira lúdica, a partir do afroturismo. Além da valorização e reconhecimento da contribuição e construção da população afro em seus territórios, a ação ativa o empreendedorismo negro, conta ele.

“A essência do nosso país é preta, e nós estamos em todos os lugares. Então a gente conecta isso e leva as pessoas a conhecerem a moda, a gastronomia, o artesanato. Enfim, uma série de segmentos que se beneficiam desse fluxo turístico”, detalha.

Foto: Filipe Araújo/ MinC

Cais do Valongo

Principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil, o Cais do Valongo é considerado Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) desde julho de 2017. Em maio do ano passado, o MinC estabeleceu um Grupo de Trabalho Interministerial para tratar do tema.

Nós somos uma grande teia global nessa diáspora black. Nós estamos aqui no Brasil, mas umbilicalmente ligados a muitos lugares do mundo onde um africano pôs o pé e a cabeça. E o Cais do Valongo é um desses pontos que fortalece a nossa conexão, mas que chama o Brasil para várias reflexões”, ressaltou Macaé Evaristo.

E completou: “É preciso a gente articular a Cultura, a economia criativa com a dignidade urbana para as nossas comunidades”.

Giovanni Harvey, responsável pelo registro histórico do Cais do Valongo, trouxe em sua fala o Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana –  região situada entre os bairros da Gamboa e da Saúde, na Zona Central da cidade do Rio de Janeiro. “Nós temos um potencial enorme, a região do Pequena África nos oferece uma oportunidade de construir um modelo sustentável, baseado nos costumes e valores de matriz africana, mas que tenham capacidade de mobilizar recursos financeiros e ser fator de atração para incrementar o turismo”.

Ana Míria Carinhanha, secretária-Executiva adjunta do MIR, foi a mediadora do painel.

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Fonte: Ministério da Cultura