“Cultura é uma luta permanente de libertação do ser humano”. A frase de Abdias Nascimento, retrata ao que veio o intelectual que se destacou como um dos maiores expoentes da cultura afro-brasileira no país. No marco dos 110 anos de Abdias, o Ministério da Cultura ressalta o papel fundamental do intelectual para as artes, a literatura, a educação, a luta por justiça social e igualdade racial.
Abdias foi um dos principais atores no processo de criação da Fundação Cultural Palmares (FCP), órgão vinculado ao Ministério da Cultura. Um especial elaborado pela FCP pode ser lido aqui: 110 anos de Abdias Nascimento: um legado de resistência.
Para a ministra Margareth Menezes, Abdias Nascimento deixou um enorme legado para as futuras gerações. “Celebrar e lembrar Abdias é deixar vivas as suas ações que reverberam até hoje. Trazer para a juventude o legado e os ensinamentos que esse grande intelectual nos deixou, para que se inspirem na produção de mais conhecimento, de cultura, na luta antirracista”.
Em janeiro deste ano, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a Lei que coloca o nome de Abdias Nascimento oficialmente no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, conhecido como Livro de Aço.
“São 110 anos desse líder importante, quilombola, deputado, senador, criador de várias políticas públicas para os afro-brasileiros e lançador do quilombismo atual. No seu livro Quilombismo, sua presença na Serra da Barriga, esse importante ativista da cultura deu ao Brasil uma ação que junta cultura, identidade racial e consciência da diversidade”, conta o presidente da Fundação Palmares, João Jorge Rodrigues.
João Jorge destacou a criação do Teatro Experimental do Negro, por Abdias, que lançou personalidades como a atriz Léa Garcia. Ele foi também intérprete do Teatro Experimental. “Nós da Palmares estamos felizes em celebrar essa data, esse ano inteiro como um ano do Abdias Nascimento na Cultura, na Fundação Cultural Palmares e, ao mesmo tempo, preparar a comemoração dos 80 anos do Teatro Experimental do Negro, no Rio de Janeiro, que abriu uma porta incrível para a jornada de mulheres e homens que atuaram e atuam na televisão brasileira”.
“Abdias foi poeta, curador, teatrólogo, artista visual, professor universitário, deputado federal e senador. Fundou o Teatro Experimental do Negro, o Museu de Arte Negra, o jornal Quilombo e o Ipeafro. Foi autor de conceitos teóricos e de práticas políticas e culturais de defesa e promoção da população negra no Brasil e no mundo, como o Quilombismo, o Genocídio do Negro Brasileiro, e as primeiras propostas legislativas ao Estado brasileiro de políticas públicas para criminalizar o racismo e promover a igualdade racial”, enumera a diretora do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros e companheira de Abdias, Elisa Larkin Nascimento.
O intelectual foi autor de diversos livros, artigos e peças teatrais que abordavam temas relacionados à cultura afro-brasileira, discriminação racial e história do povo negro. Entre suas obras mais conhecidas está “O Genocídio do Negro Brasileiro: Processo de um Racismo Mascarado”. Além das fronteiras do Brasil, Abdias levou sua luta para o cenário internacional. Participou de conferências, denunciou a apartheid na África do Sul e tornou-se uma voz global pela igualdade racial.
Abdias Nascimento nasceu em 14 de março de 1914, no município de Franca, no Estado de São Paulo. Durante toda a sua vida, Abdias recebeu prêmios e homenagens, reconhecendo seu papel essencial na promoção da igualdade racial. O ativista faleceu em 23 de maio de 2011, aos 97 anos.
Com informações Fundação Cultural Palmares.
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Fonte: Ministério da Cultura