Valorizar as tradições de matriz africana presentes na cultura nacional e reforçar o combate ao racismo estão entre as principais atribuições do Pontão de Cultura Ancestralidade Africana no Brasil, lançado na última sexta-feira (23), em uma live no YouTube. O evento contou com a participação de lideranças de comunidades tradicionais e da secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (MinC), Márcia Rollemberg.
O pontão é coordenado pelo Centro de Cultural Orunmilá, sediado em Ribeirão Preto (SP), e outras entidades parcerias. Faz parte da estratégia do Ministério da Cultura de reativar a rede da Política Nacional de Cultura Viva (PNCV), nos territórios e por temáticas. Segundo Bábà Paulo Ifatide, do Centro de Cultural Orunmilá, a expectativa é que os povos e comunidades de matriz africana sejam articulados em uma rede de fortalecimento mútuo e trabalho coletivo, que resulte num maior protagonismo desta população na Cultura Viva.
“Vamos realizar diversas atividades de mapeamento, formação, articulação e mobilização, de maneira a ampliar o repertório das nossas lideranças e seus territórios, para que possam pleitear e alcançar a sua certificação como pontos de cultura, bem como acessar os recursos financeiros da PNCV. Na outra ponta, o mapeamento e diagnóstico apresentará para o Estado e para a sociedade quem somos, onde estamos e o que queremos, de maneira a subsidiar a elaboração e execução de públicas mais efetivas”, completou.
Selecionado pelo Edital Nº 09/2023, o Ancestralidade Africana no Brasil integra a rede de 41 pontões fomentados pelo Ministério da Cultura para desenvolver um projeto de 12 meses. No total, foram firmadas parcerias com 26 pontões territoriais/estaduais/distrital e 15 temáticos/setoriais/identitários, sendo dois com foco em Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana. O investimento total deste edital é de R$ 28 milhões.
Márcia Rollemberg explicou que esse Pontão poderá trabalhar em articulação com as políticas federais de promoção da igualdade racial, somar forças nas campanhas de enfrentamento ao racismo e contribuir para que novas entidades e coletivos se tornem pontos de cultura. “É um momento muito propício para que a gente se conecte, se fortalece e faça da Cultura Viva uma política muito efetiva. O lançamento desse pontão é um grande presente para que a gente trabalhe pela promoção da igualdade racial”, acrescentou a secretária.
Já Mãe Beth de Oxum, do Ponto de Cultura Centro Cultural Coco de Umbigada, localizado em Olinda (PE), lembrou a importância da Política Nacional Cultura Viva. “É o que a gente tem de mais digno nesse país, porque tirou a invisibilidade e a cortina de fumaça perversa de achar que a cultura popular é uma coisa só para ser estudada e fez o Ministério da Cultura dialogar com as matrizes reais desse país, com os povos originários, com os povos negros e com a cultura popular. É uma política revolucionária que precisa mesmo ser retomada”, afirmou.
De Itabuna (BA), Pai Lula Dantas, do Ponto de Cultura Associação do Culto Afro Itabunense (ACAI), classificou esse momento da Cultura Viva como “um importante passo para uma política pública que atenda a realidade dos povos tradicionais”.
Representando os povos de Matriz Africana da região sul, Mãe Carmem Holanda, do Ponto de Cultura Tambores da Igualdade, de Carazinho (RS), ressaltou a importância desse Pontão para conscientizar a sociedade sobre a contribuição da população negra na formação da identidade nacional. “Formamos essa nação e queremos ser respeitados. As mãos negras, indígenas e brancas construíram esse país. Mas não existe um palmo nesse lugar que não tenha a contribuição dos povos de matriz africana. Os terreiros guardam os segredos ancestrais e o fazer cultural desse Brasil. Os terreiros são promotores de cosmovisão, de religião, de educação, de meio ambiente. Nossos terreiros acolhem a todos, essa grande diversidade”, completou.
Ações prioritárias
No evento de lançamento, Silvany Euclênio apresentou as ações que serão desenvolvidas pelo Pontão de Cultura Ancestralidade Africana no Brasil. Destacou que a prioridade é colaborar para que grupos, coletivos, organizações e comunidades de matriz africana se tornem ponto de cultura e concorram aos editais da PNCV municipais e estaduais.
“Uma das grandes metas é ampliar a rede de pontos de cultura. A nossa luta é para que muitas pessoas que estão conosco e que até hoje não tiveram a oportunidade de lidar com o quadradismo do Estado possam estar preparadas para já concorrer a alguns desses editais publicados”, explicou.
Outra ação em destaque é a construção, de forma coletiva, de uma campanha de valorização das tradições de matriz africana e de combate ao racismo para ser lançada em novembro, mês da consciência negra.
Composição
Além da entidade proponente (Centro de Cultural Orunmilá), esse pontão tem um comitê gestor composto por sete Pontos de Cultura das cinco regiões do Brasil, que são referência da Política Nacional da Cultura Viva. São eles:
• Ponto de Cultura Centro Cultural Coco de Umbigada, Olinda/PE;
• Ponto de Cultura ÀGÒ LÔNÀ, Água Branca/SP;
• Ponto de Cultura Associação do Culto Afro Itabunense – ACAI, Itabuna/BA;
• Ponto de Cultura Ação e Tradição – Distrito Federal;
• Ponto de Cultura Tambores da Igualdade, Carazinho/RS;
• Ponto de Cultura Jovens Pesquisadores, Pradópolis/SP;
• Ponto de Cultura Mocambo Cultura – Rede de Coletivos de Artistas e Articuladores Negros, Porto Velho/RO.
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Fonte: Ministério da Cultura