A 23ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) começou nesta quarta-feira (30) com um coquetel de abertura que reuniu representantes do Ministério da Cultura (MinC), autoridades locais, escritores e realizadores do evento. Sediado em diferentes pontos do Centro Histórico de Paraty (RJ), o evento segue até 3 de agosto, com uma programação que valoriza a diversidade de vozes literárias e reforça o papel da cultura como instrumento de cidadania e transformação social.
O secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares, destacou a importância da Festa para a democratização do acesso à leitura e para a valorização da literatura brasileira.
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“A literatura brasileira é um patrimônio da nossa formação cultural e da construção da cidadania. A Flip, além de um evento de celebração, é também um espaço de reparação de uma dívida histórica do país com a literatura, que ainda enfrenta grandes desafios de acesso e valorização. Eventos como este mostram que a escrita, a literatura e a cultura são caminhos essenciais para construir as soluções que o Brasil precisa”, enfatizou.
Ele também explicou a proposta desenvolvida pela Pasta com a estreia da Casa MinC na edição de 2025: “Temos muito orgulho de estar aqui, especialmente neste ano em que celebramos 40 anos do Ministério da Cultura. É um momento de celebrar, mas também de pensar os desafios culturais para o futuro, entregando o novo Plano Nacional de Cultura e projetando políticas para a próxima década. Se queremos um Brasil melhor, precisamos que surjam mais festas literárias como a Flip por todo o país, formando cidadãos leitores e fortalecendo a democracia”.
“A Flip é um respiro, em meio à agitação da vida contemporânea, um momento de imersão, concentração e reflexão. E, ao mesmo tempo, desconstração, alegria, fortalecendo o pensamento crítico, faz com que histórias e pensamentos tenham um alcance maior de modo orgânico, sem obrigações ou imposições”, enalteceu o diretor artístico e cultural da Flip, Mauro Munhoz.
Belita Cermelli, diretora de cultura e educação do evento, explicou como a Flip auxilia na formação de jovens leitores, principalmente com a Flipinha. “Adultos leitores, vocês que estão aqui, vocês inspiram jovens e crianças leitoras, e são esses que vão virar adultos leitores”, afirmou.
“A Flip, enquanto instituição, participa ativamente dos Conselhos Municipais de Turismo, Cultura, Educação, Conselho da Cidade durante todo o ano e contribui para a formação do Comitê Gestor do Patrimônio da Humanidade. Uma equipe multidisciplinar trabalha o ano inteiro para construir linguagens e infraestruturas para amparar as intervisibilidades naturais de uma obra aberta como a Flip”, completou Mauro.
Estreia
A presença da Pasta na festa inclui a estreia da Casa MinC, que celebra os 40 anos de criação do Ministério, além de mesas, debates e atividades conduzidas por suas secretarias e instituições vinculadas, como a Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) e a Fundação Nacional de Arte (Funarte). A partir de amanhã (31), a ocupação será realizada no sobrado do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Centro Histórico da cidade, e dividirá espaço com a já tradicional Casa do Cordel.
“O Ministério da Cultura foi criado no processo de redemocratização deste país. Ele foi extinto e foi recriado e refundado no processo de democratização do Brasil, outra vez. Porque o direito à cultura, o exercício pleno da democracia, passa pelo direito à cultura. Passa por esse direito tão vital que é a literatura”, destacou o secretário de Formação Artística e Cultural, Livro e Leitura (Sefli), Fabiano Piúba.
“A Flip, na verdade, é um movimento que vem transformando a nossa cidade no decorrer dos anos. E fez também o paratiense, morador de Paraty, ter a perfeita consciência da preservação da nossa cultura. Do resgate da nossa cultura, dos nossos costumes, dos nossos fazeres. E, foi decisivo, esse movimento foi decisivo, para transformar Paraty e ser reconhecido como patrimônio da humanidade”, completou José Carlos Porto Neto, prefeito da cidade.
Maria Eduarda de Mello Porto, diretora do Departamento de Patrimônio Mundial e Cidade Criativa da Gastronomia, falou sobre a importância do trabalho nos bastidores para o acontecimento do evento: “é uma construção em muitas mãos. Gostaria então de parabenizar a Flip, não só como a festa literária, mas também como uma organização”.
Por fim, a secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, Danielle Barros, também relatou sobre a importância da festa: “É de fato um patrimônio do nosso estado, um patrimônio da nossa literatura”.
Também participaram do coquetel de lançamento da festa literária Cecília Sá, subsecretária de Espaços e Equipamentos Culturais; os diretores Jéferson dos Santos Assumção (Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas) e Tião Soares (Promoção das Culturas Populares); a coordenadora de Livro e Literatura, Andressa Marques da Silva; além de Luciana Gondim, diretora do Instituto Cultural Vale; Aninha de Fátima Sousa, gerente-executiva de Comunicação Institucional e Estratégica da Fundação Itaú; e Carl Douglas, diretor da Motiva e do Instituto da Motiva.
A Flip 2025 é realizada pela Associação Casa Azul, que captou R$ 13,9 milhões por meio da Lei Rouanet para o plano quadrienal de atividades (2024-2027).
Casa da Favela
A Casa da Favela também realizou a abertura oficial nesta quarta (30). Com a presença de representantes da Agência de Notícias da Favela (ANF), foram realizados o lançamento da edição especial Flip 2025 do jornal A Voz da Favel e da exposição fotográfica Serpente do Mundo, de Káliman Chiappin.
“A nossa proposta é uma revolução, é a revolução do amor. Por que contra o ódio que estamos vivendo no nosso país, só o amor pode mudar as coisas. É sobre isso a Casa da Favela”, disse o fundados da ANF, André Fernandes.
Ideia complementada pela coordenadora da casa, Jaque Palazzi: “não é fácil colocar a periferia dentro de uma das maiores festas literárias do nosso país. Foi com muita luta e com um afeto real que extrapola para todos vocês”.
Márcio Tavares pontuou que a inovação estética mais transformadora que o Brasil tem, vem das periferias. “A favela é uma reserva técnica de criativa a espera de política pública, de oportunidade para florescer”, avaliou.
A topografia poética nos territórios, expressão empregada por Fabiano Piúba, é uma construção presente entre a juventude das periferias. “Esse é um espaço de exercício e de políticas públicas. De cultura, educação, da literatura e das políticas públicas, como bem colocou o secretário Márcio”.
O acesso às políticas do livro e da leitura também ganharam destaque na fala do secretário: “Todos nós temos o direito de ter acesso ao acervo literário que esse país produz e o mundo produz. E quem quiser se transformar em escritor, tem que ter as condições devidas para se desenvolver”.
Logo após a abertura, foi realizada a mesa Julho Delas: Um trânsito entre a escrita, o corpo-político e a emancipação, que reuniu Dandara Suburbana, Dani Balbi, Jandira Feghali e Auritha Tabajara, sob mediação de Mônica Nega.
A batalha de Mc’s com Babi Pietra, Mc Alexia e convidados encerrou a programação do dia.
Fonte: Ministério da Cultura