Medida americana entra em vigor em 1º de agosto e pode afetar diretamente o agronegócio, a indústria e os preços no mercado interno. Governo brasileiro aposta em ofensiva diplomática para evitar perdas bilionárias.
A menos de uma semana da entrada em vigor das novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, o governo federal intensifica os esforços para reverter ou amenizar os impactos do tarifaço. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump no início de julho, afeta produtos estratégicos da pauta de exportações brasileiras, como aço, alumínio, carne bovina e açúcar.
Segundo estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), as tarifas podem gerar perdas superiores a US$ 4 bilhões por ano, com consequências diretas sobre a competitividade de empresas brasileiras e o custo de vida da população. Entre os setores mais atingidos estão o agronegócio, a indústria metalúrgica e a cadeia de alimentos processados.
Missão brasileira parte para Washington
Diante do agravamento da situação, uma comitiva de senadores, representantes do Itamaraty e técnicos do Ministério do Desenvolvimento embarcou neste fim de semana para Washington, com o objetivo de negociar diretamente com membros do Congresso e do Departamento de Comércio dos EUA.
A estratégia inclui acionar mecanismos diplomáticos da Organização Mundial do Comércio (OMC), mobilizar empresas multinacionais com atuação nos dois países e buscar o apoio de setores econômicos norte-americanos que também serão afetados pelos aumentos de custo.
“O Brasil está disposto ao diálogo, mas não aceitará sanções injustas ou desequilíbrio comercial imposto unilateralmente”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em entrevista coletiva.
Cenário doméstico: aumento de preços e instabilidade
No Brasil, a expectativa é de que os preços de produtos derivados do aço e alimentos industrializados sofram reajustes já a partir de agosto, caso o impasse não seja resolvido. A medida também pode gerar efeitos inflacionários e pressionar a cotação do dólar, afetando importações e viagens internacionais.
O Palácio do Planalto, que inicialmente evitou uma reação pública mais dura, agora tenta alinhar o discurso com o setor produtivo, que pressiona por respostas mais firmes. Parlamentares da base e da oposição têm cobrado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva trate o tema como “prioridade nacional”.