As discordâncias nas negociações de cessar-fogo em Gaza entre Israel e o grupo militante palestino Hamas, em andamento no Catar, podem ser superadas, mas pode levar mais do que alguns dias para se chegar a um acordo, disseram autoridades israelenses nesta terça-feira (8).

A nova tentativa dos mediadores dos Estados Unidos, do Catar e Egito para interromper os combates no enclave ganhou ritmo desde domingo (6), quando os dois lados iniciaram conversas indiretas em Doha e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, partiu para Washington.

Netanyahu se reuniu nessa segunda-feira (7) com o presidente dos EUA, Donald Trump, que disse na véspera da reunião que um cessar-fogo e um acordo sobre reféns poderiam ser alcançados nesta semana. O líder israelense tem encontro agendado com o vice-presidente J.D. Vance nesta terça-feira.

O enviado de Trump, Steve Witkoff, que desempenhou papel importante na elaboração da proposta de cessar-fogo, viajará para Doha esta semana para participar das discussões, disse ontem a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, a repórteres. 

A proposta de cessar-fogo prevê a libertação gradual dos reféns, a retirada das tropas israelenses de partes de Gaza e discussões sobre o fim total da guerra.

O Hamas exige, há muito tempo, o fim da guerra antes de libertar os reféns restantes; Israel insiste que não concordará em encerrar a luta até que todos os reféns sejam libertados e o Hamas desmantelado. Acredita-se que pelo menos 20 dos 50 reféns restantes em Gaza ainda estejam vivos.

Fontes palestinas disseram, na segunda-feira, que havia diferenças entre os lados sobre a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

Autoridades israelenses de alto escalão, em entrevista a jornalistas em Washington, disseram que pode levar mais do que alguns dias para finalizar os acordos em Doha, mas não entraram em detalhes sobre os pontos de atrito. Outra autoridade israelense afirmou que houve progresso.

O ministro israelense Zeev Elkin, que faz parte do gabinete de segurança de Netanyahu, afirmou que há “chance substancial” de que um cessar-fogo seja acordado. “O Hamas quer mudar algumas questões centrais, não é simples, mas há progresso”, declarou ele à emissora pública israelense Kan nesta terça-feira.

A guerra começou em 7 de outubro de 2023, quando militantes liderados pelo Hamas invadiram Israel, matando cerca de 1.200 pessoas e levando 251 reféns para Gaza.

A campanha subsequente de Israel contra o Hamas em Gaza já matou mais de 57 mil palestinos, de acordo com as autoridades de saúde locais, deslocou quase toda a população de mais de 2 milhões de pessoas, provocou uma crise humanitária no enclave e deixou grande parte do território em ruínas.

(Reportagem adicional da redação em Jerusalém)

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

Fonte: Agência Brasil