Na corrida pelo Oscar, o filme “Ainda Estou Aqui” atingiu, na última semana, a marca de 5 milhões de espectadores no Brasil e se consolidou como o maior lançamento brasileiro nos Estados Unidos. O longa estreou em 93 salas e agora ocupa mais de 700, conquistando o status de blockbuster. Desde sua estreia em novembro, ele arrecadou R$ 85,4 milhões, quase 10 vezes o seu custo de produção, demonstrando o apelo do cinema nacional dentro e fora do país.
Grande parte desse sucesso pode ser creditado à protagonista Fernanda Torres, que tem conquistado uma legião de fãs e a mídia internacional. A atriz vem sendo figurinha carimbada em programas como Good Morning America e Jimmy Kimmel Live! onde, com seu carisma e bom humor, vem conquistando o interesse do público para além das telonas. A recepção calorosa inclui elogios de estrelas como Demi Moore e o fenômeno Ariana Grande – também indicadas ao Oscar por suas performances –, além de Sarah Paulson, que declarou “eu te venero” nas redes sociais de Fernanda.
“Tem sido muito divertido acompanhar as aparições da Fernanda Torres na mídia internacional, em entrevistas e talk shows. Sempre bem-humorada e esbanjando carisma. É como ver uma velha conhecida fazendo o sucesso merecido. Certamente por uma atuação maravilhosa no filme, mas também pela espontaneidade e tiradas inteligentes, sempre com o sorriso aberto. Fernanda Torres representa muito bem o Brasil e os gringos estão apaixonados”, destaca Homero Nunes Pereira, docente do curso de Cinema do Centro Universitário Una.
Além de impulsionar a carreira internacional da artista, o sucesso de Ainda Estou Aqui está abrindo caminho para outras produções brasileiras no mercado global. A familiarização do público internacional com a obra desperta um interesse natural por títulos semelhantes, criando uma janela de oportunidade para novos lançamentos nacionais. Com o aumento da demanda, plataformas de streaming e distribuidoras internacionais começam a apostar mais no catálogo brasileiro, o que permite uma maior diversidade de histórias e estilos a serem apresentados no exterior.

“O cinema brasileiro já fez sucesso no exterior algumas vezes desde O Pagador de Promessas e Central do Brasil – também de Walter Salles, ou Cidade de Deus no início dos anos 2000. Contudo, o sucesso de Ainda Estou Aqui diz respeito a outros fatores. Tem a ver com a política atual no mundo, tem a ver também com o crescimento das plataformas de streaming e a distribuição de produtos brasileiros, mas certamente isso impulsiona o cinema nacional lá fora e as produções aqui, uma vez que a distribuição se torna mais fácil e elas tornam-se mais relevantes em festivais. Ainda Estou Aqui é realmente um fenômeno do cinema brasileiro no mundo e vai abrir muitas portas para o cinema nacional”, destaca Homero.
Essa exposição ampliada também gera um ciclo virtuoso para o cinema nacional. O reconhecimento de obras brasileiras no exterior não só reforça a qualidade e criatividade das produções, mas também incentiva novos investimentos na indústria cinematográfica do país. A superação da barreira linguística é outro fator marcante no sucesso do longa. Apesar de ser falado em português, o filme ganhou destaque em um mercado que tradicionalmente prefere produções em inglês. Isso contempla outros filmes que antes enfrentavam dificuldades para ultrapassar as barreiras locais, e agora têm mais chances de serem exibidos em festivais internacionais e distribuídos globalmente.
O sucesso de Ainda Estou Aqui, portanto, não é apenas um marco isolado, mas um ponto de partida para uma nova fase do cinema brasileiro, que pode finalmente consolidar seu espaço no cenário mundial. Esse fenômeno cultural lembra a trajetória de Anitta, que, nos últimos anos, quebrou barreiras na música e levou o funk brasileiro para os maiores palcos internacionais. Assim como Anitta fez com a música, Fernanda Torres está ajudando a abrir portas para uma nova fase do cinema nacional, mostrando que histórias brasileiras podem ser universais.