Neste mês de combate à violência contra a mulher, Rita Tonielo é uma entre tantas mulheres que sofreram violência psicológica e conseguiram dar a volta por cima

Agosto Lilás é um chamado à ação na violência contra as mulheres. Em um país onde os casos continuam a crescer, dar visibilidade à luta diária de milhares de brasileiras é mais do que necessário. Segundo a pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil” (2025), divulgada em março desse ano pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em conjunto com o Instituto DataFolha, mais de 21 milhões de mulheres foram vítimas de algum tipo de violência nos 12 meses anteriores à coleta dos dados.

Esse número representa 37,5% das brasileiras, o maior índice desde o início da série histórica em 2017. As agressões acontecem principalmente dentro de casa e, em grande parte, são cometidas por parceiros ou ex-parceiros. Entre os tipos mais recorrentes está a violência psicológica, que afeta profundamente a saúde emocional e a autoestima das mulheres.

Segundo a mesma pesquisa, mais de 31% das entrevistadas relataram ter sofrido qu no último ano. Por não deixar marcas visíveis, esse tipo de violência muitas vezes passa despercebido ou é minimizado, inclusive pelas próprias vítimas, que só reconhecem os sinais quando já se afastaram da relação.

Rita Tonielo, empresária, comunicadora e ex-vereadora de Sertãozinho, no interior de São Paulo, sofreu violência psicológica por alguns anos, dentro de um relacionamento. “Demorei anos para entender que a situação que vivia era um abuso psicológico. Quando sai desse relacionamento assim percebi que estava em relacionamento abusivo e virei a chave focando ainda mais em mim como mulher e na minha carreira”, explica ela.

Hoje, Rita é referência regional na TV e no rádio e inspiração para mulheres, usando suas redes sociais para reforçar a importância da autoestima e os cuidados com a violência, que pode vir de várias formas. O seu relacionamento era marcado por controle emocional e desvalorização. “Dentro da relação, eu não via aquele comportamento como violento”, relembra e complementa: “A violência psicológica é silenciosa, disfarçada de zelo. A gente só entende quando você não está mais olhando para si mesmo”.

Mas a história de Rita Tonielo vai muito além da dor já superada. Mãe de dois filhos, ela encontrou força na própria trajetória para reescrever seu destino. Formada em Odontologia, foi uma das vereadoras mais jovens e votadas de sua cidade, com forte atuação em pautas sociais e para mulheres.

Durante a pandemia, liderou projetos voltados à valorização da autoestima feminina, desenvolvendo livros, gibis educativos e até uma boneca autoral que inspira meninas a acreditarem em seu potencial.

À frente do programa Dra. Rita, na STZ TV, onde também atua como coordenadora de programação. Ela se tornou uma voz ativa na promoção de espaços mais acolhedores e igualitários, além de ser madrinha de iniciativas sociais voltadas à equidade de gênero e inspirar, diariamente, outras mulheres a se reconhecerem como protagonistas de suas próprias histórias.

Neste Agosto Lilás, a história de Rita, assim como a de tantas outras mulheres, reforça a importância de reconhecer os sinais, buscar apoio e transformar experiências difíceis em caminhos de fortalecimento. A luta pelo fim da violência contra a mulher passa, também, por narrativas de coragem, superação e mudança.