A partir desta sexta-feira (1º/8), pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Brasil poderão ser atendidos por planos de saúde privados que aderiram voluntariamente ao programa federal “Agora Tem Especialistas”. A iniciativa busca reduzir filas e agilizar o acesso a atendimentos especializados em áreas com alta demanda, como oncologia, cardiologia, ortopedia e ginecologia.

A proposta é simples: operadoras de saúde com dívidas junto ao SUS poderão quitá-las oferecendo, na prática, consultas, exames e até cirurgias aos pacientes da rede pública. No lugar do pagamento em dinheiro, as empresas prestam o serviço e, ao concluírem o chamado “combo de cuidado” — que inclui toda a linha de atendimento necessário —, recebem a compensação da dívida com a União.

Nesta primeira fase, a expectativa é converter R$ 750 milhões em atendimentos especializados. A seleção dos pacientes continuará sendo feita via fluxo tradicional do SUS, ou seja, o encaminhamento começa nas unidades básicas de saúde (UBS) e passa pelas centrais de regulação municipais e estaduais. O paciente não precisa se inscrever nem procurar operadoras: o processo é feito dentro do sistema público, de forma 100% gratuita.

Além disso, todas as informações clínicas serão integradas à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) e ao aplicativo Meu SUS Digital, garantindo histórico unificado entre as redes pública e suplementar. A interoperabilidade dos dados será obrigatória a partir de outubro, mas já começa com a inclusão retroativa dos atendimentos entre 2020 e 2025.

A adesão das operadoras é voluntária e regulada por edital da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e do Ministério da Saúde. Para participar, a empresa precisa comprovar capacidade de realizar ao menos 100 mil atendimentos mensais — ou 50 mil, no caso de regiões com baixa cobertura assistencial. O objetivo é garantir escala, segurança e qualidade nos atendimentos ofertados.

A medida foi bem recebida por gestores e especialistas, que veem na integração uma forma inteligente de utilizar a capacidade ociosa do setor privado para resolver gargalos históricos do SUS. A ANS será responsável por fiscalizar o cumprimento dos atendimentos, sem prejuízo aos beneficiários particulares dos planos.