Em meio ao sertão pernambucano, surge uma paisagem que mais parece saída de um filme de fantasia: as ruínas da antiga Igreja do Sagrado Coração de Jesus, submersa nas águas do Lago de Itaparica, voltam a aparecer com a estiagem e encantam moradores, turistas e aventureiros. Conhecida como a “Atlântida Brasileira”, a cena impressiona por sua beleza, simbolismo e carga histórica.
A antiga Petrolândia foi parcialmente inundada no final da década de 1980 para dar lugar à barragem da Usina Hidrelétrica de Itaparica. Com o avanço das águas, famílias inteiras foram relocadas e a cidade original, com suas casas, comércios e prédios públicos, ficou debaixo d’água. A igreja, que já era um ponto de encontro da comunidade, resistiu. Mesmo inconclusa, manteve sua imponência arquitetônica, com arcos e paredes de pedra ainda visíveis quando o nível da represa baixa.
A cada temporada de seca, o cenário se repete: os restos da cidade emergem e atraem visitantes de várias partes do Brasil e do mundo. Catamarãs saem do porto local levando curiosos e fotógrafos, que buscam registrar o contraste entre ruínas e paisagem natural. Mergulhadores também têm a oportunidade de explorar os escombros submersos a cerca de 15 a 20 metros de profundidade, incluindo muros, casas e até uma antiga fábrica.
Mas a experiência vai além do turismo. A chamada “Atlântida Nordestina” guarda também um certo ar de mistério. Há relatos de moradores que afirmam ouvir sinos tocando à noite ou ver luzes estranhas sob a água. Lendas ou não, as histórias ajudam a manter viva a memória de um passado que resiste, mesmo submerso.
A região ainda oferece outros atrativos, como a Ilha de Rarrá e a Praia do Sobrado, com suas águas doces e tranquilas. O destino combina história, natureza e aventura – tudo envolto por uma atmosfera única e quase mágica.
Petrolândia é, hoje, uma cidade nova, reerguida a poucos quilômetros da antiga. Mas a cidade que dorme sob as águas continua viva no imaginário e na cultura do povo. A cada aparição, a Atlântida Brasileira nos lembra que, mesmo diante do progresso, há histórias que insistem em emergir.