Gilberto Carvalho afirma que meios de comunicação estimularam um tipo de antipolítica; visita do papa causa preocupação

Rafael Moraes Moura Bernardo Caram / brasília

Um dia após a intensificação de protestos em todo o País, que culminou com a depredação do Palácio Itamaraty, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou ontem que a imprensa estimula um atipo de moralismo no sentido despolitizado77 e um “tipo de antipolítica que leva a isso que está acontecendo”

Carvalho também reconheceu que a onda de protestos no Brasil pode afetar a Jornada Mundial da Juventude, prevista para ocorrer de 23 a 28 de julho no Rio de Janeiro com a presença do papa Francisco.

“Estamos vivendo um momento muito particular para o País. Temos de ter suficiente autocrítica, abertura de espírito para perceber o que as manifestações estão nos dizendo”, disse o ministro, durante reunião preparatória para a Jornada Mundial da Juventude, evento organizado pela Igreja Católica.

Apesar do cerimonial do Planalto ter reservado uma área para a imprensa, apenas cinegrafis-tas puderam acompanhar parte do discurso do ministro na reunião o restante do conteúdo foi divulgado pela própria assessoria da Secretaria-Geral.

O governo tem enfrentado dificuldades para lidar com a explosão de manifestações no País. A presidente Dilma Rousseff se irritou com a postura do presidente do PT, Rui Falcão, que conclamou militantes do partido para irem às ruas ajunto com os jovens”. Petistas e militantes de siglas de esquerda, no entanto, acabaram hostilizados por manifestantes contrários à partidarização do movimento.

“Quando se grita “sem partido”, nós vemos aí um grande pedido. E não há democracia sem partido. Não há democracia sem uma forma mínima de instituição. Sem partido, no fundo, é ditadura. Temos de ficar muito atentos a isso”, destacou Carvalho. “E um momento de convidar a sociedade para que haja uma disputa pela democracia de verdade, que se faça representar por partidos que, de fato, representem o povo e que não compactuem com a corrupção”

O ministro reconheceu que a “classe política paga o preço” pela corrupção, mas responsabilizou a imprensa pela descrença da população com a política. “A imprensa teve um papel nesse sentido de estimular um tipo de moralismo no sentido despolitizado e um tipo de antipolítica que leva a isso que está acontecendo. Então também aqueles que o tempo todo verbalizaram esse tipo de posição têm responsabilidade por esse aspecto destrutivo que está aí e não adianta virem agora celebrar só a manifestação e não se darem conta de que também são responsáveis”.

Carvalho condenou que protestos tenham virado “expressão lamentável e irresponsável de vandalismo”. Ele disse que o governo precisa estar preparado para que a Jornada da Juventude ocorra mesmo em meio a um clima de manifestações no País.

Fonte: Estadão