Só minoria dos entrevistados na capital quer posse de Temer ou de Aécio: 64,5% pedem novas eleições

Francisco Dutra

Especial para o Jornal de Brasília

As revelações da operação Lava Jato dinamitaram a confiança da população do Distrito Federal no governo Dilma Rousseff. De cada 10 entrevistados, sete respondem  ser favoráveis à abertura de processo de cassação do mandato da presidente. A posição de 70% da população brasiliense não leva em consideração o fato de, até o momento, não haver uma prova concreta contra Dilma. A população passou a defender a tese de impeachment em função do escândalo envolvendo desvios bilionários de recursos públicos da Petrobras.

Estes números são mostrados em pesquisa do Instituto Exata OP. A pergunta central do estudo foi: “Com base nas investigações da operação Lava Jato, o(a) senhor(a) é a favor ou contra a cassação do mandato da presidente Dilma?”. A resposta de 75,2% dos entrevistados foi a favor. Enquanto 22% marcaram posição contra, 2,8% não souberam responder. O levamento foi produzido entre os dias 7 e 8 deste mês, ouvindo 600 pessoas.

Jovens são mais revoltados

A pesquisa permite identificar que os principais grupos favoráveis à abertura de cassação estão entre as faixas etárias de  16 e 26 anos e de 38 a 48 anos. Os entrevistados contrários se concentram nas pessoas com mais de 60 anos. A maior parcela dos entrevistados a favor está entre as mulheres.

O estudo também perguntou se o ex-presidente Lula deveria ser incluído nas investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. E recebeu resposta positiva de 85,3% das pessoas ouvidas.

A pesquisa projetou um eventual cenário pós-impeachment e buscou definir qual seria o desejo da população.

Conforme a opinião de 64,5% dos entrevistados, o País deveria passar diretamente por um novo processo eleitoral. Somente 16,2% concordam com uma possível posse do vice presidente Michel Temer. A entrega do governo ao segundo colocado em 2014, o senador Aécio Neves, é defendido por 14,3%. E apenas 2,3% aprovariam que o presidente da Câmara Eduardo Cunha assumisse o Planalto.

Questionamento no TCU

A operação Lava Jato não é o único potencial gatilho para a abertura de processo de impeachment de Dilma. Corre no Tribunal Superior Eleitoral um processo contra a chapa da presidente por supostas irregularidades durante a eleição de 2014. Em paralelo, as contas do Governo Federal estão sendo alvo de sérios questionamentos por parte do Tribunal de Contas da União. A situação ainda se agrava com a crise econômica e a atual fragilidade da base governista no Congresso.

Planalto evita comentar

1 A reportagem do Jornal de Brasília entrou em contato com a Presidência da Republica para saber qual seria a estratégia governista para a reconstrução da imagem pública da presidente. No entanto, por nota, o Governo Federal se limitou a informar: “O Planalto não comentará o assunto em pauta”.

2 A pesquisa foi realizada pela Exata OP, nos dias 7 e 8 de julho de 2015.  A amostra se compôs de 600 entrevistas feitas com eleitores de todas as cidades do Distrito Federal, acompanhando a proporção de gênero, faixa etária, classe social e escolaridade.

Fonte: Jornal de Brasília