Com uma linguagem de quem chama o adversário para a briga, o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, publicou artigo ontem em um jornal de Goiânia em que fez ameaças a “amigos” e a “quem considerava companheiro de jornada”. O recado seria endereçado ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), apesar de Cachoeira não tê-lo citado nominalmente. A assessoria do governador informou que ele não vai comentar o assunto.

A ira de Cachoeira foi despertada pelo tratamento que teria sido dispensado pelo governo do Estado à sua mulher, Andressa Mendonça. Na última sexta-feira, 7, ela participou de um desfile beneficente no Palácio das Esmeraldas, residência oficial do governador.

Segundo Cachoeira, ela foi convidada a participar do evento, organizado pela primeira-dama do Estado e cujo ingresso custava R$ 350. “No momento em que esteve no Palácio foi cortejada pelos poderosos e bem tratada, principalmente pela generosa contribuição que deixou”, escreveu.

Mas a presença de Andressa teria sido negada pela assessoria do governador a jornalistas que queriam saber quem esteve no evento. Segundo Cachoeira, o governo chegou a negar que sua mulher tivesse sido convidada. “Bastou que se retirasse para que fosse renegada, tal a uma doente que não se quer por perto”.

Em defesa da mulher, Cachoeira afirma que um homem pode suportar muitas privações na vida, como “ter amigos e ser abandonado por eles quando a sorte sobrevém”, ou “ser apunhalado por quem considerada companheiro de jornada”, mas jamais permitir que sua “cara-metade” seja ofendida.

“Não cometam a insanidade de tentar atingir de forma tão rastejante minha esposa porque não vão gostar nem um pouco de conhecer o peso de minha mão. A caixa que Pandora abriu e permitiu que as desgraças se abatessem sobre os homens será brincadeira de criança diante do que posso perpetrar para defender a honra e a dignidade minha e de minha família”, ameaça o empresário.

A relação entre Cachoeira e Perillo foi revelada pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo, que investigou a exploração de jogos ilegais no Centro-Oeste. Condenado a 39 anos por crimes como peculato, corrupção e formação de quadrilha, o empresário ficou preso entre fevereiro e novembro de 2012. A prisão aconteceu em uma casa que pertenceu ao governador. Em depoimento prestado à CPI do Cachoeira, no Congresso, Perillo negou envolvimento com o empresário.

Fonte:Valmar Hupsel Filho – O Estado de S. Paulo