Publicação: Segunda-feira, 13/05/2013

O direito de ir e vir está limitado no Distrito Federal. Para quem depende do transporte público, ele vai das 6h às 23h30. Isso se você der sorte e conseguir pegar o último vagão. Essa realidade impera há décadas em Brasília. A capital do Brasil, quarta maior metrópole do País, possui apenas 15 linhas de ônibus no horário da madrugada, entre meia-noite e 6h. Nesse período, o metrô sequer funciona. Aos sábados, domingos e feriados, quando as pessoas têm mais tempo para o lazer, a situação é pior. Em alguns casos, os veículos circulam somente até as 19h. Depois disso, encontrar uma condução é como ganhar na loteria.

A falta de transporte público na madrugada e nos finais de semana afeta a todos, principalmente a quem trabalha nos setores de comércio e serviços, os jovens, os empresários e os cidadãos que gostariam de trocar o automóvel por um meio de locomoção público. O relato de quem passa pela via-crúcis diária da escassez de ônibus é entristecedor. Reflete uma falta de respeito sem tamanho com o povo. Não são poucos os trabalhadores que precisam improvisar uma cama no trabalho porque não conseguem voltar para casa. Assim como são comuns os casos de estudantes que chegam a dormir nos pontos de ônibus, tornando-se presas fáceis para os criminosos.

Após anos de descaso, a população está incrédula. Se não existe um sistema de transporte de qualidade durante o dia, imagine de noite? Mas não deveria ser assim. Deveriam existir ônibus e trens que circulassem pela cidade na madrugada, levando os brasilienses para todos os lugares, ainda mais após a Lei Seca. A economia e a sociedade perdem quando a iniciativa privada funciona de forma restrita. É muito fácil perceber que parte da solução para Brasília passa por investimentos em mobilidade urbana, em veículos sustentáveis que desafoguem as ruas e facilitem o trânsito. Chega de desrespeito. O brasiliense quer ir para onde bem entender, na hora que quiser.