As escolas da rede pública do Distrito Federal vão estar presentes no 8º Fórum Mundial da Água, evento que a capital recebe de 18 a 23 de março, no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Um dos colégios será o Centro de Ensino Médio Júlia Kubitschek, da Candangolândia, com o projeto Em defesa do Córrego Guará.

Fruto da dissertação de mestrado da professora Maria Rosane Marques Barros, na Universidade de Brasília (UnB), a iniciativa consiste em conscientizar alunos para o córrego a 400 metros da escola.

A água se encontra com a do Córrego do Riacho Fundo, um dos principais afluentes do Lago Paranoá, e abriga o pirá-brasília, espécie de peixe encontrada apenas ali e em risco de extinção.

“A ideia é dar aos alunos a sensação de pertencimento ao lugar onde vivem, mostrar que eles podem melhorar o ambiente em volta deles. Inicialmente, o projeto deveria durar um bimestre, mas foi mais de ano e até já ganhou prêmio fora do País”, conta Maria Rosane.

A premiação é a Schools Sustainability Challenge (Desafio de sustentabilidade nas escolas, em tradução livre), da Universidade de Oxford, na Inglaterra. A honraria foi concedida no segundo semestre de 2017.

O projeto Em defesa do Córrego Guará estará no Fórum Mundial da Água em 19, 20 e 23 de março. Maria Rosane e três estudantes vão promover atividades lúdicas na Vila Cidadã. Elas serão parte do tema Ecossistema. Nos dois primeiros dias, ficam o dia inteiro. No terceiro, estarão a partir das 15h30.

Estarão ao lado da professora os estudantes Fillipe Leite, Kamilla Moura e Marcella Meireles, todos de 16 anos e alunos do 2º ano do ensino médio. Eles participam do projeto desde o 9º ano do ensino fundamental.

Marcella vai se vestir de pirá-brasília, e os outros dois ajudarão em atividades lúdicas e na apresentação de um vídeo de 3 minutos.

Plantio de mudas no Córrego Guará, viveiro na escola e peça teatral Pirá-Brasília

As principais ações do projeto ocorrem além dos muros da escola. A origem veio da dissertação de mestrado de Maria Rosane, na UnB. A atividade estendeu-se até a Câmara Legislativa, em forma de audiência pública com representantes do governo de Brasília, e tem página em rede social.

1,2 milQuantidade de mudas de espécies nativas do Cerrado plantadas pelos alunos do Centro de Ensino Médio Júlia Kubitschek

O cuidado com o meio ambiente é feito dentro do colégio e nas margens do Córrego Guará. Os estudantes plantaram 1,2 mil mudas de espécies nativas do Cerrado. Metade delas ficou na escola, em um viveiro criado por meio da iniciativa, e o restante foi levado para resgatar a mata das proximidades da moradia do pirá-brasília.

espécie de peixe também virou tema de peça teatralmontada pelos alunos do Centro de Ensino Médio Júlia Kubitschek. Foi nas artes cênicas que a fantasia do pirá-brasília teve origem. A recuperação do córrego e todo o trabalho idealizado pela professora da rede pública resultaram nos prêmios.

Parceria com a Fundação Jardim Zoológico de Brasília

Os principais acessos para o Córrego Guará usados por Maria Rosane e seus alunos são feitos por dentro do zoo de Brasília. A plantação das mudas ocorreu nesse local e contou com auxílio de profissionais da Diretoria de Educação Ambiental, da Fundação Jardim Zoológico de Brasília.

Desde o início do projeto, em 2016, Maria Rosane, os estudantes e os parceiros do zoológico lutam contra o assoreamento do córrego. No primeiro ano da defesa da água, foram retiradas 3 toneladas de lixo dali. Em 2017, mais uma.

Reflexões sobre ecossistema no 8º Fórum Mundial da Água

O tema Ecossistema focará na qualidade da água, na subsistência dos ecossistemas e na biodiversidade. As discussões vão passar pelos seguintes tópicos:

  • Manejo e recuperação de ecossistemas para serviços hídricos e para biodiversidade
  • Sistemas hidrológicos naturais e artificiais
  • Uso da água e do solo
  • Garantia da qualidade da água das nascentes aos mares

O tema Ecossistema vai explorar desafios e tem como objetivo identificar ideias e ações que possam se tornar propostas técnicas, sociais, legais e políticas. Além disso, pretende-se criar uma agenda que consiga balancear desenvolvimento e sustentabilidade.

Inscrições para o fórum estão abertas

Quem quiser acompanhar os debates no Centro de Convenções pode se inscrever por meio do site oficial do evento, na aba Inscrições.

Os ingressos dão direito à participação da abertura, do encerramento, das sessões do fórum, dos almoços e dos eventos culturais na exposição e na feira.

O segundo lote será vendido até 28 de fevereiro. Brasileiros e cidadãos de países que não integram a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) têm 50% de desconto no cadastro.

Estudantes, por sua vez, usufruem de até 80% na adesão. A partir de 1º de março, começa a venda do terceiro lote de ingressos.

O que é o Fórum Mundial da Água

Criado em 1996 pelo Conselho Mundial da Água, o fórum foi idealizado para estabelecer compromissos políticos acerca dos recursos hídricos.

Em Brasília, ele é organizado pelo Conselho Mundial da Água, pelo governo local — representado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa) — e pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio da Agência Nacional de Águas (ANA).

O encontro global ocorre a cada três anos e já passou por: Daegu, Coreia do Sul (2015); Marselha, França (2012); Istambul, Turquia (2009); Cidade do México, México (2006); Kyoto, Japão (2003); Haia, Holanda (2000); e Marrakesh, Marrocos (1997).

8º Fórum Mundial da Água

De 18 a 23 de março

No Centro de Convenções Ulysses Guimarães e no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha

Inscrições abertas no site oficial do evento

EDIÇÃO: PAULA OLIVEIRA