Bernardo Bittar – Especial para o Correio

A Lava-Jato é um assunto do qual todos os políticos parecem querer manter certa distância. Ainda que seja na ficção. Prova disso é que a pré-estreia do filme inspirado na maior operação de combate à corrupção registrada no país até o momento — Polícia Federal: a lei é para todos — não teve a presença de nenhum parlamentar ou integrante do Executivo.

Brasília foi a quarta cidade a receber uma pré-estreia do longa, que está sendo lançado gradativamente pelo país. A sessão na capital federal foi realizada no cinema do Shopping Iguatemi, no Lago Norte, na noite desta quarta-feira (6/9). Apesar da ausência de políticos, a sala estava cheia de convidados. Integrantes do Judiciário também foram presenças escassas no evento.
O filme é dirigido por Marcelo Antunez, que não vê problema no possível envelhecimento da trama. “O que me atraiu para o projeto foi exatamente falar de um assunto vivo, que está acontecendo. Brasília, por exemplo, não é o ponto central. Nem o ministério público. A ideia é mostrar alguns bastidores do caso, começando pela investigação de doleiros, esbarrando rapidamente em uma ligação com executivos da Petrobras, se desdobra com executivos importantes e atinge o Legislativo numa história que é fictícia”, afirmou ao Correio.
O ex-presidente Lula é interpretado pelo ator Ary Fontoura, “Faço a condução coercitiva, quando o Lula foi chamado para depor. Não há muito destaque, mas acredito que tenhamos que ver a situação como um todo: o filme pretende levantar um debate sobre o assunto mais sério que está se discutindo hoje no país, e eu espero que as pessoas compreendam. O bom das biografias e das histórias reais que viram filme é, exatamente, mostrar que as suas atitudes podem influenciar o enredo de uma obra de ficção ou mudar os rumos do país”.
Após fazer laboratório nas sedes da Polícia Federal em Curitiba e em Brasília, Rainer Cadete disse que a ideia do personagem Igor foi mesclar diversas autoridades que atuaram na Lava-Jato. “Existe a licença poética, e foi o artifício que usamos para sintetizar a história de várias pessoas no Ítalo, que abrange vários policiais, delegados… O personagem é um jovem que tem vontade de mudar o mundo em seu comprometimento com o país”, contou Rainer. “Acredito que, olhando pra frente, o filme mostra que o povo precisa tomar, novamente, as rédeas da democracia”.